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Banco comunitário em Paraisópolis provê crédito para micronegócios

Fonte: Estadão - 24/11/2021 às 12h11

O bairro de Paraisópolis, comunidade da zona oeste paulistana, ainda não tem uma moeda social, mas desde novembro de 2020 conta com um banco  comunitário que pretende ser a maior rede de apoio aos pequenos e micronegócios de favelas do Brasil. O sonho de empreender, somado à dificuldade de acesso à crédito, motivou o surgimento do G10 Bank Participações.
 
“Se você olhar o perfil das pessoas que têm mais acesso a crédito negado pelos grandes bancos, são pessoas de favela, mulheres e negras. A melhor forma de ajudar o Brasil nesse momento é ajudando as pessoas a empreender, a ter acesso ao crédito, a montar a sua empresa, porque não existe combate à pobreza sem dinheiro no bolso”, afirma Gilson Rodrigues, líder comunitário em Paraisópolis e presidente do G10 Favelas e do G10 Bank Participações. 
 
Estima-se que Paraisópolis tenha cerca de 100 mil habitantes e 14 mil estabelecimentos comerciais, sendo a maioria pertencente aos moradores. Até o momento, 87 empreendedores locais receberam aporte financeiro do G10 Bank e mais de 500 pessoas estão inscritas para terem acesso à linha de crédito. A taxa de juros é de 0,99% ao mês.
 
A Favela Brasil Xpress, uma rede logística de entregas de encomendas fundada em setembro do ano passado, foi um dos negócios alavancados com o suporte do banco. “Eu tive muita dificuldade para conseguir empréstimo em dois grandes bancos por ser um processo demorado e por eu ser um empreendedor jovem com uma ideia que parecia muito distante. O empréstimo do G10 Bank foi muito importante para dar um impulso inicial a esse empreendimento”, relata o CEO e fundador da Favela Brasil Xpress, Giva Pereira, de 21 anos.
 
A proposta do Favela Brasil Xpress é fazer com que os produtos comprados na internet cheguem nas casas dos moradores de regiões periféricas. “Além das residências não terem uma numeração em sequência, muitas encomendas não chegam por causa do preconceito. Os aplicativos e as empresas consideram as áreas periféricas como áreas de risco e bloqueiam a entrega”, explica Giva.
 
Além do suporte financeiro, o banco forneceu acesso a mentorias sobre como utilizar o dinheiro e como trazer bons retornos à empresa e à comunidade. Hoje, o Favela Brasil Xpress tem a sede em Paraisópolis, seis unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro e já está com plano de expansão para outras 50 bases no Brasil. São, ao todo, 90 funcionários, entre operadores e entregadores.
 
No último dia 19 de novembro, na esteira do movimento pelo empoderamento financeiro das comunidades, foi inaugurada em Paraisópolis a “Bolsa de Valores das Favelas”, autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e que conecta investidores às startups criadas em favelas. Ao todo, 18 negócios foram selecionados para os primeiros IPOs (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês), incluindo a Favela Brasil Xpress.
 
“Qualquer pessoa, seja da favela seja investidor, pode aportar recursos nessas empresas a partir de R$ 10. Para estar apto ao IPO, a empresa precisa apresentar um plano de negócio e de investimento para termos garantias aos investidores. Poucas empresas da favela estão faturando R$ 10 milhões, mas muitas têm potencial para chegar lá, precisam apenas de um impulso”, explica Gilson Rodrigues.

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