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Banco Central tem 'instrumentos suficientes' para fazer inflação recuar, diz Campos Neto

Fonte: G1 - 25/08/2021 às 10h08
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (24) que a instituição tem os "instrumentos suficientes" para fazer a inflação recuar no "horizonte relevante".
 
"O Banco Central tem os instrumentos que acreditamos serem suficientes para a inflação convergir na meta no horizonte relevante", disse, durante evento on-line promovido por uma corretora de investimentos.
 
Campos Neto não detalhou, no evento, a data limite desse "horizonte relevante" e nem listou quais seriam os "instrumentos suficientes". Tradicionalmente, o principal instrumento do Banco Central para combater a inflação é a taxa básica de juros (taxa Selic).
 
Para 2021, a meta central de inflação é 3,75%, o teto, 5,25% ao fim de 12 meses. A alta nos preços do país, no entanto, vai ultrapassar esses percentuais segundo as projeções de mercado e do próprio Banco Central.
 
De janeiro a julho – ou seja, faltando cinco meses para o cálculo –, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, já acumula alta de 4,76%.
 
Em 2022, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%. O mercado financeiro está projetando uma inflação de 3,93% no ano que vem, de acordo com o último boletim Focus.
 
No evento, Campos Neto afirmou ainda que a expectativa do mercado para a inflação de 2022 está "descolada" das previsões feitas pela autoridade monetária.
 
Na segunda-feira (23), o ministro da Economia, Paulo Guedes, negou que a inflação de 2021 esteja fora de controle e disse que uma taxa entre 7% e 8% está "dentro do jogo". O acumulado dos últimos 12 meses pelo IPCA é de 8,99%.
 
Aumento do consumo
 
Durante o evento virtual, Campos Neto avaliou que, no ano passado, houve aumento no consumo de bens e redução do consumo dos serviços, devido ao isolamento social.
 
No momento atual, o presidente do BC vê uma alta no consumo (e consequentemente nos preços) dos serviços, com uma resistência do preço dos bens que subiram durante a pandemia.
 
Esse movimento estaria acontecendo em boa parte do mundo, na visão de Campos Neto. Ele rejeita a tese de que a inflação está sendo causada pela ausência de oferta de insumos, como metais e semicondutores. Para o presidente do BC, a inflação é causada por aumento do consumo.
"Estamos olhando bastante para a inflação de serviços", afirmou Campos Neto. Ele acrescentou que também é fator de pressão no Brasil a crise hídrica e a alta do preços monitorados, que são os serviços e produtos com reajustes definidos por contratos ou regulados pelo setor público.
 
"A gente viu sucessivos choques, isso causou aumento da inflação em 2021 e deterioração das expectativas", disse Campo Neto.
 
Ruídos
 
Durante o evento, Campos Neto pediu para que os agentes de mercado olhem para além do "ruído".
 
"O que eu tentei fazer com as últimas falas é que os agentes de mercado olhem para além do ruído, olhem para o pano de fundo [situação fiscal]", disse.
 
O presidente do BC reconheceu que o "ruído" foi causado pela reforma do Imposto de Renda e pela PEC dos Precatórios, que foram interpretadas pelo mercado como ferramentas para o governo gastar mais com um programa social em 2022. Mas afirmou que houve uma melhora da situação fiscal, mesmo com a pandemia.
 
"Começou a passar a percepção ao mercado que a reforma tributária, [a PEC] dos precatórios estavam sendo viabilizados com intuito de ter um Bolsa Família mais alto, isso gerou esse ruído", explicou o presidente do Banco Central.
 
"Eu entendo essa sensibilidade do mercado a esse tema, mas quando a gente olha a figura ampliada vemos que tivemos alguma melhora [fiscal]. Os números estão melhores que a perspectiva e do que o mercado tem tomado como verdade", completou.
 
Ele citou como exemplo as projeções para a dívida bruta e para o resultado primário do governo em 2022, que já estariam nos níveis projetados pelo mercado e pelo Banco Central antes da pandemia.

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