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Aperto monetário já afeta taxa de juros bancários

Fonte: Valor Econômico - 30/03/2021 às 10h03

Os simples sinais de que o Banco Central (BC) se preparava para iniciar um ciclo de aperto na política monetária provocaram a alta dos juros cobrados pelos bancos de pessoas físicas e empresas até fevereiro, mostram dados divulgados ontem.
 
As taxas médias cobradas nas operações com recursos livres para pessoas físicas passaram de 39,5% para 40,1% ao ano. Foi o segundo mês seguido de alta, já que em dezembro as instituições financeiras cobravam 37,2% ao ano.
 
Os custos das operações de crédito com empresas também ficaram mais caros, embora com oscilações. De dezembro para janeiro, tiveram uma forte alta, de 11,6% ao ano para 15,2% ao ano, devido sobretudo a operações feitas pelos bancos nas linhas de capital de giro com clientes de maior risco. Em fevereiro, recuaram para 13,8%, mas seguiram acima do patamar observado em dezembro.
 
Um dos fatores que contribuíram para o aumento dos juros foi o encarecimento, de dezembro para cá, nos custos de captação dos bancos. No caso das captações para operações com pessoas físicas, a taxa passou de 5,1% ao ano em dezembro para 5,4% em janeiro e 5,6% em fevereiro. No caso das empresas, foi de 3,9% ao ano em dezembro para 4,5% em janeiro e 4,7% em fevereiro. Os dados se referem a operações com recursos livres, que refletem mais diretamente as condições financeiras do mercado, ao contrário do crédito direcionado, que tem fontes cativas de captação com juros mais favoráveis.
 
O Banco Central começou a subir os juros apenas em março, com a taxa Selic indo de 2% para 2,75% ao ano. Mas, desde dezembro, passou a sinalizar que poderia se mexer, com um provável fim do “forward guidance”, que era a promessa de manter os juros estáveis por muito tempo. Em janeiro, esse instrumento foi, de fato, revogado e os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC começaram a discutir o melhor momento para começar a subir os juros. Toda essa discussão elevou a curva de juros negociado em mercado, que serve de referência para as captações do tomadores.
 
“A taxa básica de juros define o padrão para as demais taxas”, disse o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, na entrevista que apresentou os dados do crédito bancário. “No afrouxamento, todas as taxas tendem a se reduzir; no aumento de juros, tendem a aumentar.”
 
Normalmente, os juros médios cobrados de pessoas físicas sobem no começo do ano, devido a maior contratação de operações de cheque especial e de cartão de crédito, que são mais caras. O padrão é os clientes pagarem parte dessas dívidas em dezembro, quando recebem o 13º salário, e voltarem a se endividar no começo do ano, quando há concentração de pagamentos como impostos e despesas escolares.
 
Mas ocorreu um encarecimento dos custos mesmo quando excluídas essas linhas rotativas. A taxa média do crédito livre não rotativo a pessoas físicas passou de 32,1% em dezembro para 34,5% em janeiro e 34,8% em fevereiro. O spread bancário dessas operações de crédito não rotativas - diferença entre os custos de captação e empréstimos dos bancos - também subiu no período. Passou de 26 pontos percentuais em dezembro para 28 pontos em janeiro e 28,1 pontos em fevereiro.
 
Os spreads bancários são influenciados por fatores como competição e riscos de perdas. A taxa de inadimplência subiu de 2,1% para 2,3% entre janeiro e fevereiro. Rocha ponderou que esse indicador está historicamente baixo e que ainda não é possível traçar uma tendência a partir da oscilação de apenas um dado mensal.
 
O estoque de crédito bancário na economia subiu 0,7% em fevereiro ante janeiro, para R$ 4,046 trilhões, chegando a 54% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 12 meses, o avanço foi de 16,1%. O BC prevê que, até o fim do ano, esse ritmo de crescimento desacelere para 8%, conforme saiam das estatísticas os programas especiais de crédito criados pelo governo durante a pandemia e as empresas devolvam recursos captados para fortalecer o caixa.

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