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'Nenhuma fintech dá crédito como a Casas Bahia', diz presidente da Via

Fonte: Folha de S. Paulo - 10/11/2021 às 12h11

Vender parcelado para quem não pode pagar à vista. A estratégia criada nos anos 1950 pela Casas Bahia para atender quem traz dinheiro contado no bolso continua atual.
 
A cada parcela paga, o consumidor de baixa renda se sente mais confiante em fazer uma nova compra e, assim, ajudar a movimentar um negócio que faturou mais de R$ 34 bilhões em 2020.
 
O negócio hoje se chama Via e reúne as lojas de Casas Bahia e Ponto (antiga Ponto Frio), formando uma das maiores varejistas de móveis e eletrodomésticos do Brasil. O mote do "compre agora, pague depois" ganhou cada vez mais força desde 1957, quando foi inaugurada a primeira Casas Bahia em São Caetano do Sul, região metropolitana de São Paulo. ?
 
Dos antigos carnês que fidelizaram a clientela, a Via começa agora a oferecer dinheiro vivo a quem mais precisa: em julho, a empresa foi autorizada pelo Banco Central a operar a sua plataforma financeira digital, a BNQI Sociedade de Crédito, sob a bandeira do banco digital BanQi.
 
Desde então, vem oferecendo empréstimo mesmo a quem não é cliente.
 
"Hoje existe um monte de fintech, mas quem dá crédito? Cerca de 40% dos brasileiros não têm conta financeira, não têm histórico de relação financeira, não têm cartão de crédito. Uma grande massa de brasileiros não tem emprego fixo. Está no nosso DNA dar crédito para esse público", diz Roberto Fulcherberguer, presidente da Via.
 
"Não é simples. Quem tentou, andou tendo problemas sérios de inadimplência. Mas nós temos mais de 60 anos de experiência embarcados em modelos de crédito para a baixa renda."
 
Segundo Fulcherberguer, a empresa começou a fazer empréstimo pessoal desatrelado da compra de produtos. "É empréstimo pessoal puro, mesmo. Está sendo um sucesso", diz ele, que está ansioso em começar a oferecer crédito também aos vendedores do marketplace da Via, os "sellers".
 
"Quando o consumidor for comprar online um item que esteja em diversos marketplaces, no nosso ele vai contar com um diferencial: se não tiver cartão de crédito ou tiver um limite baixo, vai poder pagar no crediário. Esta talvez seja uma venda que o seller não conseguiria fazer em outros locais, mas vai conseguir conosco. É um facilitador gigantesco", afirma o executivo, lembrando que 2021 tem sido "o ano do marketplace na Via".
 
A empresa conquistou em setembro 100 mil sellers na sua plataforma, um salto em relação aos 10 mil que somava em janeiro. Todo o interesse nas vendas digitais tem um motivo: o online já representa 60% do faturamento da Via, que foi de R$ 18,1 bilhões no primeiro semestre do ano.
 
A entrevista foi concedida antes da empresa entrar em período de silêncio, em 18 de outubro, devido à divulgação do balanço do terceiro trimestre.

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