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Taxas e prazos comprovam eficácia das medidas do BC

15/03/2011 às 11h01

 

 

 

Taxas e prazos comprovam eficácia das medidas do BC

 

15 de março de 2011  O Estado de S.Paulo

O Banco Central (BC), na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), advertiu o mercado financeiro de que poderia dar maior importância às medidas "macroprudenciais" na sua política de combate à inflação. Essas medidas, que visam a reduzir os empréstimos dos bancos mediante a elevação dos depósitos compulsórios, da proporção de capital em relação ao volume de crédito e da redução dos prazos dos empréstimos, têm um efeito muito maior do que se imaginava sobre a queda da demanda doméstica, que é o objetivo final das autoridades monetárias.

O governo anterior havia inventado o crédito consignado em folha de pagamento para dar um impulso à demanda doméstica. E teve nisso pleno sucesso por diversas razões: os bancos transferiram o risco de suas carteiras para as empresas e órgãos públicos e puderam oferecer uma taxa de juros muito inferior à das outras operações de crédito pessoal (de 27,5%, ante 56,8% em dezembro de 2009), o que elevou a 60,8% a participação do crédito consignado no total do crédito pessoal. Paralelamente, diante da ausência praticamente total de inadimplência nessa modalidade, os bancos progressivamente aumentaram o prazo dos seus empréstimos consignados, chegando a até 96 meses.

A situação mudou depois que as autoridades monetárias tomaram medidas para reduzir o volume de crédito pessoal. Além do aumento da taxa Selic, que tem repercussão sobre o "spread" bancário, as instituições financeiras aumentaram suas taxas de juros e - fato ainda mais importante para reduzir o crédito - diminuíram o prazo das operações, pois um maior volume de crédito está exigindo mais capital do que exigia em novembro, e estão dando preferência às operações que oferecem maior remuneração (como o crédito pessoal).

O aumento das taxas foi progressivo: 26,1% em novembro de 2010; 27,5% em dezembro; e 28,3% em janeiro de 2011. A redução de prazo foi ainda mais brusca: de 96 para 36 meses, no caso do Banco do Brasil; e de 60 para 36 meses, no do Bradesco. O número de concessões, de 8.821 em novembro, caiu para 5.913, em dezembro, e para 4.779, em janeiro. Tomados de surpresa, muitos mutuários tiveram de recorrer ao crédito pessoal com taxas de juros maiores que o dobro. Diante dessa evolução, o BC pode verificar que as medidas "macroprudenciais" têm um efeito incontestável e rápido para conter o consumo, ao contrário da elevação da taxa Selic. Assim podemos entender a posição do Copom, inscrita no parágrafo 31 da última ata.

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