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taxa sobre e prazo cai no financiamento de carros

23/01/2008 às 17h24

jornal Valor Econômico 23/01/2008 - Marli Olmos                     

As condições de crédito já são outras nos financiamentos de veículos. Os prazos máximos começaram a baixar e as taxas de juros subiram. Mas como a demanda ainda está acima da oferta esse abalo na onda de vendas de carros a prazo ainda não apareceu claramente no mercado.

A insegurança dos bancos se reflete na divergência de comportamentos ao longo dos primeiros 22 dias do ano, segundo contam os vendedores de carros. Logo na virada do ano, planos de 72 meses foram retirados do mercado por algumas financeiras, como a Finasa. Mas foram mantidos por outras instituições, como o Itaú, segundo os revendedores.

O vaivém das taxas de juros também expôs as inseguranças do setor bancário. O gerente de vendas de uma concessionária conta que foi surpreendido logo no início do mês por um aumento de 1,09% para 1,43% nos juros dos planos para venda de carros zero-quilômetro em 60 parcelas. Há mais ou menos uma semana, no entanto, o mesmo banco voltou a baixar a taxa para 1,29%.

Quando aplicada em R$ 20 mil - valor bastante utilizado por quem recorre ao financiamento para trocar o veículo - a mudança das taxas altera significativamente a prestação. Nesse exemplo do financiamento de R$ 20 mil em 60 meses, o valor da parcela variou de R$ 454,60 a R$ 514,00 num período de três semanas, dependendo da taxa. Os vendedores afirmam sentir que os bancos poderão ainda voltar atrás.

O consumidor já se retraiu, segundo informam os gerentes das revendas. Uma concessionária conta que a participação das vendas de carros novos via financiamento caiu de 55% para 40% em menos de um mês.

Os concessionários também têm registrado um significativo aumento na participação do leasing por conta da isenção de IOF nesse tipo de operação.

O mercado de veículos ainda não reflete no volume de vendas as mudanças nas condições de crédito. Ainda embaladas nas condições de crédito farto dos últimos meses, as vendas de automóveis no país vêm batendo recordes consecutivos há meses.

A média diária de licenciamentos de veículos chegou a 12,7 mil unidades em dezembro. Isso significou um crescimento de 24,5% em comparação com o mesmo mês do ano anterior - ou 2,5 mil veículos a mais por dia na comparação entre os dois períodos. O mercado total em 2007 - 2,463 milhões de unidades - cresceu 27,8% em comparação com 2006 e a indústria começou 2008 com a expectativa de vender este ano 17,5% mais.

Esse quadro levou à falta de alguns modelos no mercado. Há casos de carros, como o Prisma, da General Motors, ou do Civic, da Honda, em que os consumidores chegam a esperar até 60 dias ou até mais para receber um veículo com determinadas especificações.

As mudanças nos financiamentos ainda não foram oficialmente registradas pelas entidades que representam a indústria e os bancos das montadoras. Mas está no dia-a-dia do balcão das lojas.

A Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) atualiza o comportamento das modalidades de pagamento trimestralmente. A última de 2007 ainda não foi divulgada. No acumulado até setembro, o financiamento via CDC somou fatia de 42%.

Essa participação ficou menor do que no ano anterior (45%). Mas isso não significa que o consumidor já estivesse saindo dos pagamentos a prazo. O CDC já havia perdido espaço para o leasing antes do fim da CPMF.

De janeiro a setembro, o pagamento à vista foi feito em 28% das vendas de carros. A participação do leasing alcançou 26%, seguida pelo CDC (42) e consórcio (4%). No final do ano passado, os financiamentos de automóveis estavam sendo feitos com taxas médias entre 0,89% e 1,49%.

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