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O apelo do crédito fácil

01/04/2008 às 17h20

jornal Diário do Comércio (SP) 01/04/2008

Neide Martingo

O expressivo crescimento do crédito no Brasil nos últimos meses tem a contribuição das financeiras, empresas que oferecem dinheiro emprestado para pessoas de renda mais baixa sem acesso a esse tipo de transação nos bancos. "Nossas operações cresceram 50% no ano passado em relação a 2006", afirma Dílson Ribeiro, diretor comercial da Taií, financeira pertencente ao banco Itaú. A empresa tem hoje 154 lojas, que liberam empréstimos para quem recebe no mínimo R$ 260 por mês.

As financeiras crescem apesar das elevadas taxas de juros, que estão entre as mais altas do mercado. A aposentada Neusa Bittencourt, de 67 anos, aceitou, na semana passada, pagar quatro parcelas de R$ 118 por um empréstimo de R$ 335 – R$ 137 de juros. Ela recebe mensalmente R$ 1 mil de aposentadoria e afirma que R$ 700 já estão comprometidos com empréstimos. "O que recebo não é suficiente para as despesas. Por isso, sou obrigada a recorrer às financeiras."

O professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo Manuel Enriquez Garcia diz que a procura por essas empresas é grande porque a burocracia é menor que nos bancos. "Até quem tem nome sujo consegue dinheiro emprestado nas financeiras."

Abordagem – Embora o mercado esteja em franca expansão, as financeiras ainda adotam estratégias para atrair mais clientes. Mas, agora, elas apostam em ações menos invasivas. Já é possível, por exemplo, andar pelo centro de São Paulo sem ser constantemente abordado por funcionários dessas empresas oferecendo "dinheiro na hora" e distribuindo panfletos.

Em geral, as equipes hoje aguardam os clientes dentro das lojas. Apenas na Rua São Bento existem pelo menos oito unidades de financeiras prontas a liberar empréstimos pessoais e consignados (com desconto em folha de pagamento) para funcionários públicos e aposentados e pensionistas. Na rua, existem lojas de BV, Losango, HSBC, Cacique, Crefisa, Fininvest, Finasa e BGN. De todas essas, só a Cacique mantém um funcionário na porta, responsável por abordar algumas pessoas, mas sem entregar panfletos.

Já a Taií continua apostando no corpo-a-corpo. De acordo com uma funcionária, que não quis se identificar, 14 pessoas ficam diariamente nas imediações da loja, oferecendo "soluções" para os problemas dos endividados. "De cada dez pessoas que abordamos, sete concordam em fazer empréstimo", afirma, ressaltando que o cliente conquistado já sai da loja com o dinheiro na mão.

O telemarketing foi uma alternativa encontrada pelas financeiras à abordagem das pessoas nas ruas. Muitas empresas utilizam o contato telefônico para oferecer crédito ou resolver pendências dos contratos. Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Telesserviços (ABT), Topázio Silveira Neto, os negócios do setor crescem 10% anualmente, com grande participação das as empresas financeiras. A Atento Brasil, por exemplo, tem 90 posições de atendimento apenas para empresas do segmento financeiro, com cerca de 200 funcionários.

Feirão de carros – A Finasa, que pertence ao Bradesco, acertou parceria com a concessionária Primo Rossi para criar um feirão de veículos que deve funcionar até outubro na Radial Leste, perto da estação Belém do metrô.

De acordo com o assessor de imprensa da Primo Rossi, Koichiro Matsuo, a parceria prevê a criação de uma grande loja especializada em veículos seminovos, que deve começar a funcionar em 2009. No espaço, o cliente encontrará sempre 225 carros à disposição e serviços de seguro e despachante.

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