Lista dos bons pagadores pode reduzir taxas de juros

Foi aprovada na semana passada no Congresso Nacional uma alteração no Código de Defesa do Consumidor, que permite aos clientes informar seu histórico de bons pagadores para entidades de proteção ao crédito. Fazer parte do cadastro positivo poderá facilitar a aquisição de um empréstimo. Com o atestado de bom pagador, cai o risco de inadimplência, um dos fatores que os bancos usam para elevar a taxa de juros cobrada dos correntistas. Para os bancos e instituições financeiras, o cadastro também é um bom negócio. Os melhores clientes tornam-se mais visíveis e serão disputados pelos promotores de crédito.

À esper a da sanção presidencial para que o cadastro positivo entre em operação, a Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim) já prepara um software para apresentar o novo banco de dados para seus mais de 4 mil associados. O gerente geral Lúcio Azevedo de Almeida conta que o desenvolvimento da ferramenta começou em 2005, quando foram iniciadas as discussões sobre a criação do cadastro positivo. "As empresas que hoje trabalham com o cadastro negativo, como SCPC, Serasa e Equifax, poderão também trabalhar com o cadastro positivo", afirma.

Para ele, a tendência é de redução dos juros para as pessoas que têm histórico de bom pagador. "Hoje, a análise de crédito é feita a partir do cadastro negativo. Com o cadastro positivo, será possível fazer uma análise mais detalhada, conforme o banco de dados do consumidor", completa. Nos cálculos da Acim, a taxa de juros para o cliente "positivo" poderá ser até 60% menor que a cobrada do cliente "negativo".

Empresas com tradição n a proteção de crédito são candidatas naturais a gerir a lista dos bons pagadores. Elas terão que receber autorização expressa do consumidor interessado em integrar a lista. Cada nova operação de empréstimo ou financiamento do listado é incluída no histórico, com autorização do mesmo.

A cabeleireira Lucilda de Souza Castro concorda com o cadastro positivo. "Acho correto. Vão mostrar realmente quem são os bons pagadores", afirmou ela, no momento em que pagava um carnê do crediário.

Essa medida vai fomentar a economia, sobretudo nas classes C e D

Lúcio Azevedo de Almeida, gerente geral da Acim

CLASSES C E D

A medida deve privilegiar principalmente as pessoas com menor renda, que costumam honrar suas dívidas para continuar tendo acesso à crédito, uma vez que não possuem renda suficiente para adquirir à vista bens com alto valor. "Essa medida vai fomentar a economia, sobretudo nas classes C e D. O assalariado dessas classes costuma dizer que seu nome é seu maior patrimônio e por isso, honra seus compromissos", afirma o gerente geral da Acim, Lúcio Azevedo de Almeida.