As operações de crédito consignado a aposentados do INSS, com saldo de R$ 22,6 bilhões, em dezembro, 20% do total do crédito pessoal, propiciaram maior lucro para os bancos após as mudanças nas regras, em 19/12. A maioria dos clientes passou a preferir empréstimos com prazo máximo de 60 meses (ante 36 meses, anteriormente), mesmo pagando juros mais altos do que nos prazos mais curtos.
O aumento do prazo do consignado veio acompanhado da redução de 30% para 20% do comprometimento da parcela das aposentadorias destinada à quitação dos empréstimos. O objetivo foi reduzir o nível de endividamento dos aposentados. Pelos cálculos do INSS, até 19/12 quem tivesse renda de R$ 1 mil podia tomar R$ 6,9 mil emprestados e pagar R$ 300 por mês. Agora, pode tomar R$ 5,9 mil, pagando R$ 200 mensais. Uma brecha permite ampliar o empréstimo: é possível comprometer mais 10% da renda usando o cartão de crédito consignado.
Não se sabe, por ora, as conseqüências sobre o nível total de endividamento dos beneficiários do INSS. Mas os spreads bancários (diferença entre o juro que os bancos cobram dos clientes e pagam aos aplicadores) chegaram a dobrar, admitiu o diretor de um banco privado ao jornal Valor, dia 30/1. Das operações de crédito consignado a aposentados feitas pelo Banco Máxima, 50% têm prazo de 60 meses. O porcentual é de 40% no Cruzeiro do Sul.
Operações com cartão consignado também crescem, principalmente para os que ganham o salário mínimo. Neste caso, os juros na casa dos 3,7% ao mês são menores do que no CDC, mas altíssimos quando se considera o baixo risco do empréstimo.
O crédito consignado total, que inclui trabalhadores aposentados e na ativa, aumentou de R$ 31,7 bilhões para R$ 64,4 bilhões entre dezembro de 2005 e 2007, e sua participação no total do crédito pessoal passou de 44,8% para 57,3%. Há 14 milhões de operações ativas de crédito consignado. Os juros, em média, são de 30% ao ano.
Enquanto os trabalhadores na ativa se beneficiam com acordos salariais favoráveis, os aposentados dependem da correção anual do INSS, que só é favorável para os que recebem o salário mínimo. Neste caso os aumentos foram de 16,6%, em 2006, e 8,3%, em 2007. Para os demais, a correção é pelo INPC. Endividamento excessivo - e agora os spreads são maiores - poderá comprometer gastos do aposentado com saúde e alimentos. |