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Custo e acesso favorecem correspondentes bancários

04/06/2010 às 10h26

 

Custo e acesso favorecem correspondentes bancários      

2/6/2010


Número de lotéricas, Correios, mercados e outros estabelecimentos que fazem transações bancárias cresceu 39%, para 150 mil em 2009

Desde que o conceito de correspondentes bancários - como são chamadas lotéricas, correios e supermercados autorizados a fazer operações bancárias - surgiu no País, no início da década, sua presença em todo país tem crescido quase sempre a dois dígitos anuais.  Em 2009, não foi diferente: o número de correspondentes bancários cresceu 39%, na comparação com o ano anterior. No ano passado, o País atingiu 150 mil pontos, segundo a pesquisa "O setor bancário em números", da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A facilidade de acesso e os baixos custos de manutenção são as principais vantagens desse tipo de canal, segundo Gustavo Roxo, vice presidente de Meios do Santander e diretor de Tecnologia Bancária da Febraban.


“O números mostram o sucesso dos correspondentes, que são
mais baratos e de fácil acesso”, diz Roxo. Segundo ele, nos estabelecimentos habilitados é possível fazer transações com equipamentos muito simples. “A diferença de custo de abrir agência e de correspondente não bancário não é de 100 vezes, é de 1000 vezes”, afirma.

Além do custo menor, os correspondentes conseguem atingir populações que têm dificuldade de acesso a agências bancárias tradicionais. Trabalhadores que antes tinham de viajar para cidades maiores para receber salários ou benefícios do governo e
pagar suas contas, passaram a fazer as transações em estabelecimentos comerciais em suas localidades. É o caso da população da cidade pernambucana de Solidão, uma das primeiras do País a receber correspondentes bancários, segundo Eduardo Diniz, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV). Em 2001, a panificadora da cidade foi habilitada pela Caixa Econômica Federal (CEF) a realizar o pagamento do benefício do Bolsa Escola, um programa do Ministério da Educação (MEC), para 417 mães da região.

Muitos outros correspondentes surgiram com o mesmo objetivo de levar os benefícios do governo à população. Atualmente, cerca de 80% dos pagamentos do programa Bolsa Família são feitos por meio de correspondentes bancários, disse Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças da (FGV), durante o seminário “Bancos Comunitários e Finanças Inclusivas”, realizado na FGV, em São Paulo, na última sexta-feira.


Longa estrada

Em 2009, os correspondentes movimentaram 6% do total das transações bancárias realizadas no País. Apesar de ainda ser baixo, o volume movimentado em sete anos passou de R$ 100 milhões em 2003 para R$ 2,8 bilhões no ano passado. Esse canal vem sendo tão
bem sucedido no Brasil que já atrai olhares de fora, segundo Gonzalez. “Atualmente, 80% dos correspondentes bancários do mundo estão no Brasil. Estrangeiros vêm aqui estudar o modelo”, disse o professor.

Na visão de Eduardo Diniz, o crescimento e o reconhecimento desse canal de transações já são grandes, “mas ainda há uma longa estrada para crescer”. O professor da FGV conta que ainda há regiões do Brasil onde é preciso fechar escola por dois dias úteis, todos os meses, para que os professores possam viajar para localidades com agências bancárias. O principal entrave dos correspondentes, segundo acadêmicos e donos de estabelecimentos, é a falta de um marco regulatório. Segundo Diniz, o quadro legal dos correspondentes que existe hoje é de 2003.

Fonte iG São Paulo  - Olívia Alonso

 

 

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