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Crédito pode triplicar com Cadastro Positivo, diz analista

29/04/2008 às 07h29

boletim Invertia 22/04/2008 - Reuters News

A expansão das operações de crédito no Brasil nos últimos anos é sustentável, mas a manutenção do ritmo depende de uma melhora nas informações prestadas pelos tomadores de crédito às instituições financeiras. Com a aprovação do chamado "cadastro positivo", o crédito no País pode triplicar, afirmou Francisco Valim, responsável pelas operações na América Latina da Experian, empresa especializada em soluções de informação sobre crédito.

Para o analista, a aprovação do projeto de lei que cria o cadastro positivo será um instrumento importante para fazer o crédito atingir nível semelhante ao de países onde o produto já existe,

"O volume e a qualidade das informações é intrínseco à expansão das atividades de crédito", afirmou Valim nesta terça-feira.

Segundo números do Banco Central, o volume de crédito no Brasil cresceu de 25,2% para 34,7% do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2004 e 2007. No Chile, onde o cadastro positivo já existe, essa taxa é superior a 90% do PIB, disse ele.

"O crescimento do crédito no Brasil é sustentável, mas as regras precisam ser aperfeiçoadas", explicou.

Encaminhado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso em setembro de 2005, o projeto prevê a criação de um banco de dados com o histórico de pagamentos dos consumidores, e é defendido pelas instituições financeiras como instrumento para reduzir as taxas de juros cobrados de "bons pagadores".

A aprovação do projeto empacou devido à discussão sobre exigências de proteção para os consumidores que poderiam encarecer e inviabilizar o funcionamento do sistema.

"Há uma preocupação exagerada em proteger os inadimplentes. O projeto ganhou uma conotação de ser mais complexo do que realmente é. O foco deveria ser mais na redução dos spreads dos empréstimos", argumentou.

Sem crise

Para Valim, a crise de crédito originada nos Estados Unidos, que causou prejuízos bilionários a bancos que haviam investido no setor de hipotecas de alto risco, mostrou que o volume de informações sobre esse tipo de transação ainda não é suficiente.

Ele considerou, no entanto, que a crise está relacionada à estrutura das operações, em que dívidas foram convertidas em títulos e pulverizadas no mercado com classificação de risco melhor ao que realmente carregavam, e não ao aumento da inadimplência em si.

Segundo ele, a Experian não foi atingida pela crise, como mostraram os resultados da companhia no semestre encerrado em março. A companhia registrou crescimento de 21% das operações continuadas.

Os resultados ainda foram reforçados pela receita de US$ 221 milhões em operações na América Latina, sob liderança da Serasa, cujo controle foi comprado pela empresa irlandesa em junho do ano passado.

Ex-presidente executivo da operadora de TV por assinatura Net Serviços, Valim assumiu o comando das operações sul-americanas da Experian em janeiro.

Desde então, disse, a equipe de vendas foi reforçada para suportar o aumento da oferta de serviços da Serasa - que passou a distribuir na região soluções globais da Experian para auxiliar empresas na tomada de decisões.

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