Bancos, financeiras, promotores de crédito imobiliário e companhias de leasing constataram, no início de 2008, um período habitualmente morno, aumento dos empréstimos superior ao previsto.
Com o carnaval caindo no início de fevereiro, o ritmo do comércio acelerou-se mais cedo, o que poderia ter influenciado positivamente a demanda de crédito. Até agora, o aumento do IOF e do recolhimento compulsório sobre os depósitos das companhias de leasing não provocou o que se temia: a diminuição do ritmo de expansão do crédito total, que crescera 20,7%, em 2006, e 27,3%, em 2007.
Grandes bancos, como Bradesco, Itaú e Unibanco, segundo o jornal Valor, prevêem que a oferta de crédito crescerá neste ano entre 20% e 30%, aumento menor do que em 2007, mas, ainda assim, elevado. Como proporção do PIB, o crédito total deverá passar de 34,7%, em 2007, para cerca de 40%, em 2008, prognosticou a área técnica do Bradesco.
Em janeiro, houve 17 mil operações de financiamento habitacional com recursos das cadernetas de poupança, 96% mais do que em janeiro de 2007. No mês, o montante aplicado de R$ 1,63 bilhão superou em 131% o do mesmo período do ano passado, chegando a se prever um crescimento de 50% neste ano.
O maior aumento da demanda de crédito deverá vir das pessoas físicas, como ocorreu no último biênio. Em janeiro, registrou-se o recorde de vendas de veículos para o mês - e, “sem o crédito, não se pode falar em vendas desse produto”, notou o presidente da associação das financeiras ligadas às montadoras (Anef), Luiz Montenegro.
O crescimento das operações de crédito consignado é estimado pelo Bradesco em 60% a 100%, e em porcentuais menores pelo Itaú (50%) e Unibanco (30% a 35%).
Bancos de médio porte observam o crescimento da procura de crédito por médias empresas. “Acho que este ano está sendo atípico”, disse o vice-presidente do Banco Sofisa, Gilberto Meiches.
Historicamente, a demanda de crédito do primeiro bimestre depende da necessidade de quitar tributos, antecipar a restituição do IR ou até o 13º salário, financiar as férias ou estoques de produtos não comercializados no final do ano anterior. Agora, nota-se que as empresas aumentam investimentos e os consumidores se dispõem a tomar crédito para antecipar compras, certos de que a preservação do emprego e da renda permitirá quitar a dívida. |