Instituição gaúcha, especializada em empréstimo consignado, é a nova aposta da família Batista para negócios fora do mercado de carnes
14 de março de 2011 | 0h 00 Raquel Landim e David Friedlander - O Estado de S.Paulo
A família Batista, dona do maior frigorífico do mundo, o JBS, deu um passo importante na diversificação de seus negócios. A J&F, holding que controla as empresas dos Batistas, anuncia hoje a compra do Banco Matone, instituição especializada em crédito consignado. A J&F já controla o Banco JBS, hoje focado no financiamento a pecuaristas.
Os dois bancos serão fundidos ao longo do tempo. O plano é formar uma instituição com carteira de crédito de R$ 3 bilhões e patrimônio ao redor de R$ 400 milhões a R$ 500 milhões. No próximo mês, os nomes JBS e Matone devem desaparecer e a operação financeira da família Batista ganhará uma nova identidade. O objetivo é desvincular o negócio da operação mais conhecida, o frigorífico JBS.
A negociação começou no fim de 2010 e terminou no dia 4 de março, sexta-feira, véspera de carnaval. Foi conduzida pessoalmente por Joesley Batista, irmão caçula do clã, e Alberto Matone, controlador do grupo com sede no Rio Grande do Sul.
As participações acionárias das duas famílias serão reunidas no novo banco - além disso, deverá haver um aporte de recursos. Ao fim do processo, os Batistas ficarão com o controle e os Matones, minoritários, devem sair do negócio. Nos próximos meses, porém, Alberto Matone deve continuar tocando o banco, porque conhece a área de crédito pessoal melhor que os donos do Banco JBS.
Diversificação. Joesley Batista deixou recentemente o cargo de presidente-executivo do frigorífico JBS, no qual foi substituído pelo irmão do meio, Wesley, e assumiu a presidência do conselho de administração. Sob seu comando, o JBS tornou-se a maior empresa de processamento de carnes do mundo.
Fortemente apoiad a pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a companhia embarcou numa expansão internacional acelerada, com a compra das americanas Pillgrim"s e Swift, além de empresas na Europa e na Austrália. Os investidores, no entanto, vêm castigando as ações do JBS, desconfiados da capacidade do grupo para administrar as diversas aquisições.
A meta de Joesley, agora, é diversificar os negócios da família. Ele preside a holding J&F, que tem, além do Banco JBS, empresas nas áreas de produtos de limpeza, celulose e couro. No momento, o grupo investe na construção de uma grande fábrica de celulose em Mato Grosso do Sul e tenta financiamento do BNDES para tocar o projeto. Em entrevista ao Estado, no ano passado, quando ainda presidia o frigorífico, Joesley demonstrava a intenção de "não deixar todos os ovos em uma cesta só".
Diferenças. O Banco Matone é maior do que o Banco JBS. Conforme estatísticas do Banco Central (BC), em setembro de 2010, os ativos do Mat one somavam R$ 998 milhões, contra R$ 565 milhões do Banco JBS.
Com sede no Rio Grande do Sul, o Matone possui mais de 80 lojas e está presente em 11 Estados do País. O foco é a concessão de crédito consignado, que congrega mais de 90% dos negócios.
Em 2007, o banco gaúcho entrou no crédito imobiliário - atividade com forte potencial para crescer nos próximos anos. O Matone criou uma marca para atuar nesse setor, chamada Plano A, e abriu lojas em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro.
O Banco JBS foi criado há cinco anos. O número de funcionários saiu de 34, em janeiro de 2009, para 144, em janeiro deste ano. Recentemente, o JBS começou a assediar profissionais de outros bancos em busca de mais expertise no ramo. / COLABOROU FERNANDO SCHELLER
|