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Consignado manterá ritmo no ano

02/06/2010 às 10h18

A depender dos bancos que disputam o mercado do crédito consignado, essa modalidade de empréstimo para a pessoa física continuará a crescer em ritmo intenso. No ano, o Bradesco estima ampliar o saldo em 40% em relação a dezembro, o Santander projeta 35% de crescimento da carteira, enquanto os menores BMG e Panamericano trabalham com incrementos da ordem de 30%.

No primeiro quadrimestre, o consignado avançou 38% e atingiu saldo de R$ 118,8 bilhões.

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Segundo o diretor da Bradesco Promotora, Fernando Perrelli, o banco paga hoje 5,4 milhões de aposentados e, ao levar 8 dos 26 lotes leiloados pelo INSS em 2009, poderá acrescentar mensalmente 100 mil novos beneficiários à sua rede pelos próximos cinco anos. "Ao fim desse período serão quase 6 milhões de aposentados, teremos dobrado os benefícios", afirma o executivo.

No primeiro trimestre, a carteira de consignado do banco cresceu 22%, em relação ao saldo de dezembro, chegando a R$ 11,1 bilhões, e a expectativa é encerrar o ano com cerca de R$ 13 bilhões. Embora o setor público seja o carro-chefe, a instituição começa a explorar mais o setor privado, segmento em que detém mais de 2 mil convênios de folha. "O crédito ao empregado privado vinha crescendo bem até 2008, mas, em momentos de crise, com as empresas enxugando seus quadros, o risco de inadimplência aumentou." A situação muda de figura, porém, com o crescimento do trabalho formal e taxas de desemprego nos menores níveis da história.

À medida que as empresas se estruturem tecnologicamente, será possível avançar no consignado no setor privado, que hoje representa só 13,6% do total, diz o superintendente de empréstimos à pessoa física do Santander, Rogério Estevão. "A indústria está contratando e isso traz mais gente para o jogo." A folha do funcionalismo também cresceu e entre os beneficiários do INSS, além dos novos aposentados, há aqueles que já estão no sistema mas nunca tomaram crédito. "Essa não é uma fotografia estática."

O banco fechou o primeiro trimestre com uma carteira de R$ 8,1 bilhões (30% do crédito pessoal), com expansão de 17,3% em relação ao mesmo intervalo de 2009. Para chegar aos 35% de crescimento previsto para o ano, a ideia é explorar os convênios de folha que já estão dentro de casa, os lotes de INSS que conquistou em cidades como Rio de Janeiro, Curitiba e Florianópolis, bem como os beneficiários que estão no entorno, que sacam seus recursos na instituição mas não têm conta corrente. Segundo estima, 40% dos participantes do INSS recebem via cartão. "Essa é a grande folha do país, por isso o consignado é um mercado que nem sempre se dá dentro da agência bancária, razão pela qual bancos de pequeno porte também conseguem performar bem."

Historicamente, o BMG é um dos bancos médios que lidera esse mercado. Com uma base de 4,5 milhões de clientes ativos, o banco aumentou a sua carteira em 35% no primeiro trimestre, para um total de R$ 20 bilhões, dos quais R$ 7,5 bilhões estão no balanço. A instituição costuma fazer cessão para bancos maiores ou para fundos de recebíveis, como instrumento de captação.

Para Ricardo Gelbaum, diretor financeiro do banco, o consignado continuará mostrando vigor porque, dos cerca de 45 milhões de funcionários públicos e beneficiários do INSS, apenas metade tem alguma operação garantida pelo desconto em folha, estima. E há também novos usos para o consignado. "Na crise havia muita troca de dívida e recomposição da renda familiar, mas o que se tem agora é um segundo ciclo de expansão para financiamento de bens, para a troca do carro, para a reforma da casa ou mesmo o investimento em educação", diz.

Como os bancos de menor porte não têm convênios de folha de pagamento e não são instituições pagadoras do INSS, o avanço se dá via correspondente bancário, um canal ao qual o servidor público é sensível, diz o superintendente Silvio Botacin, do Panamericano. Da carteira de R$ 10 bilhões do banco, uma parcela de 23% é de consignado. A expectativa é avançar 30% neste ano, valendo-se da força de 207 pontos de vendas entre lojas próprias e parceiros.

 

Jornal Valor Econômico 02/06/2010

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