O governo brasileiro precisa garantir linhas de créditos para os principais setores da economia até junho de 2009 se quiser conter a amplificação da crise financeira, que assola o mundo e que pode contaminar, com mais intensidade, setores essenciais pra economia como o agronegócio, indústria, produção mineral e as exportações.
A avaliação foi feita pelo governador Blairo Maggi, agora há pouco, em entrevista exclusiva para o Olhar Direto, que se reúne amanhã com os secretários de Estado a fim de "sintonizar as prioridades de governo" para os últimos dois meses de 2008.
"Vai ser o discurso de sempre de apertar os cintos, conter gastos etc, mas com uma preocupaçã entender a crise e seus reflexos na economia estadual em cada setor", assevera Maggi, ressaltando que acredita no efeito positivo das medidas anunciadas pelos governos dos países mais atingidos pela crise e pela equipe econômica do presidente Lula.
"Com as comunicações intensas, globalizadas e praticamente on line, as medidas anunciadas pelos Bancos Centrais e pelos governos dos países devem ter efeito mais rápido, ao contrário do que ocorreu em 1929, quando a comunicação era precária e demorada", pondera.
E a preocupação, o ceticismo e o otimismo do governador, apesar da ambigüidade, são pertinentes. Como empresário, observador político e perspicaz administrador público, Maggi sabe mais do que ninguém que todas as crises geram oportuinidades e os efeitos de qualquer crash financeiro terão maior ou menor reflexo, nas macro e micros economias, na mesma proporção das reações públicas e privadas.
No setor público, o governador quer que cada secretário faça um "diagnóstico setorial" e tenha, no mínimo, uma noção preliminar da crise financeira global. "Quero saber se podemos fazer mais economia ainda, porque estamos num cenário de crise e se pudermos ter sobras será melhor ainda", salienta.
Além disso, Maggi quer saber quais investimentos poderão não ser confirmados. "Todos os protocolos de intenção de investimentos precisarão ser rechecados diante do cenário atual", revela Maggi, endereçando sua recomendaçã a Secretaria de Indústria, Comércio e Minas e Energia (Sicme).
"Um frigorífico que tinha um grande investimento praticamente confirmado, me comunicou que vai aguardar mais um pouco antes de confirmar sua intenção de vir para Mato Grosso. No mínimo, decidiu esperar para ver os reflexos da crise", acrescenta o governador ao observar que "ainda mantém o otimismo no potencial de Mato Grosso".
"Se linhas de crédito forem garantidas até o final deste mês para os produtores de algodão, que ainda não conseguiram se viabilizar, e até junho de 2009, de um modo geral, para os demais setores, não vamos sentir muito os efeitos da crise", vaticina Maggi.
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