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Bradesco vai desacelerar concessão de crédito em 2009

23/11/2008 às 14h33

Ana Paula Ribeiro, da Agência Estado                       

O Bradesco prevê uma desaceleração no crescimento do crédito a
pessoa física no ano que vem para 14,5%, contra os 25% de expansão esperados
para 2008, segundo informou o diretor-gerente da instituição Paulo Isola.
"Esperamos um volume menor de vendas no varejo e, por isso, o crédito vai
crescer menos, mas temos que lembrar que a partir de agora passaremos a
comparar bases mais altas", afirmou.

Adiantando-se a esse quadro, o governo brasileiro tomou, ao longo dos
últimos dias, uma série de decisões para garantir o acesso ao crédito a
vários segmentos da população. Spo nesta semana  foram anunciadas novas
linhas de financiamento habitacional da Caixa Econômica Federal e do Banco
do Brasil para servidores públicos federais e um aumento de 25% na oferta de
crédito consignado da Caixa para 2009. Somados, os dois anúncios devem
colocar R$ 18 bilhões no mercado.Só as novas linhas de crédito imobiliários
da Caixa e do Banco do Brasil somam R$ 8 bilhões, sendo R$ 4 bilhões cada.

Já o diretor-gerente do Bradesco avalia que a desaceleração na concessão de
crédito dos bancos privados pode ser positiva quando se observa o fato de
que as instituições estão mais preocupadas em avaliar melhor os riscos na
concessão de empréstimos.

Desaquecimento e inadimplência

Outro fator que contribuirá para o menor crescimento das operações de
crédito é a demanda, que já demonstra sinais de desaquecimento. No caso de
veículos, os pedidos de financiamento no Bradesco caíram em outubro 38% em
relação a setembro. Já em novembro a desaceleração foi menor, 11%, ainda na
comparação com setembro. A instituição restringiu ainda a concessão do
crédito, exigindo entrada mínima de 10% no caso de veículos novos e de 20%
nos usados.

Além da desaceleração no crédito, Isola afirmou que o Bradesco trabalha com
uma perspectiva de aumento na inadimplência no sistema financeiro nacional,
que deverá passar dos 7,8% de 2008 para 8,9% em 2009, retomando para 7,5% no
ano seguinte. A deterioração será conseqüência, segundo o executivo, da
redução do número de vagas no mercado formal de trabalho. Na avaliação de
Isola, essa alta da inadimplência não é preocupante porque no Bradesco a
maior concentração de crédito na pessoa física está nas modalidades em que
há garantias, que são os financiamentos a veículos e o crédito consignado.

A estratégia de crescimento do Bradesco na área de pessoa física será mais
focada no crédito por meio de cartões de crédito. De acordo com Isola, o
banco aposta que os consumidores passarão a utilizar mais esse meio de
pagamento e que há espaço para ampliar a penetração nesse produto, inclusive
entre os não-correntistas. "Há um esforço para elevar a base de aceitação
dos cartões e em aperfeiçoar a forma de concessão desse crédito", explicou.

Isolda participou nesta manhã do XX Congresso da Fibafin (sigla em espanhol
para Federação Ibero-Americana de Associações Financeiras), evento promovido
pela Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e
Investimento (Acrefi).

Novas Agências

O diretor-gerente do Bradesco Paulo Isola afirmou que a instituição retomou
o plano de abertura de agências, suspenso em outubro devido às incertezas em
relação ao cenário econômico. "Já retomamos o nosso plano de crescimento",
disse.

No mês passado, o banco suspendeu a procura de novos pontos comerciais que
pudessem abrigar as agências que entrariam em funcionamento a partir do ano
que vem. No ano passado, o Bradesco anunciou um plano de abrir 500 agências
em três anos. Em 2007 foram inauguradas 98 e neste ano, 168 até setembro e
há outras 22 previstas até dezembro. Ao final de setembro, o Bradesco
contava com um total de 3.235 agências.

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