30 de março de 2011 | 15h 30 ADRIANA FERNANDES E FABIO GRANER - Agencia Estado
BRASÍLIA - Na defesa da política monetária, o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo, afirmou hoje que o BC está tendo ação "vigorosa" para tratar a questão da inflação. Segundo ele, os resultados vão começar a aparecer a partir do segundo semestre, mais para o final do ano. E será preciso aguardar.
Ele ponderou que as decisões para combater a inflação foram tomadas e têm impacto sobre a demanda agregada da economia. "Estamos trabalhando para levar a inflação para o centro da meta", avaliou.
Prazo do crédito
Hamilton informou hoje que o prazo médio das concessões de crédito pessoal passou de algo em torno de 60 meses antes das medidas macroprudenciais anunciadas em dezembro para cerca de 45 meses em fevereiro.
No caso de financiamento para aquisição de veículos, o prazo pass ou de cerca de 45 meses em média para em torno de 35 meses. Hamilton mencionou ainda dados obtidos junto ao mercado que apontariam um aumento da ordem de 20% nas prestações de financiamento de veículos, como reflexo da alta dos juros e redução dos prazos.
O BC também informou que o financiamento de veículos caiu de cerca de 700 mil unidades em novembro para em torno de 200 mil em janeiro. Segundo Hamilton, já é possível ver moderação nas vendas de veículos.
Comprometimento da renda
O diretor de Política Econômica do BC informou hoje que o comprometimento da renda mensal dos brasileiros com o pagamento de dívidas atingiu no final do ano passado 24,2%. O nível de endividamento das famílias, calculado em relação à massa salarial, atingiu 40,5%.
Hamilton afirmou que indicadores antecedentes mostram que a taxa de inadimplência deve continuar crescendo nesse início de ano, depois de dois meses de alta. "É natural que esse indicador cresça", disse o diretor, explicando que isso em parte reflete as ações de alta de juros e aperto do crédito, que encarecem o custo do financiamento.
De qualquer forma, Hamilton não vê riscos relevantes na alta da inadimplência esperada pelo BC, porque, segundo ele, o nível no Brasil está historicamente baixo e a legislação bancária é bem preparada para que os bancos possam lidar com essa situação. Ele disse não ver risco de a inadimplência explodir.
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