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Imprensa
Volta do auxílio não melhora cenário para PIB deste ano

A volta do auxílio emergencial em valor e duração menores deve atenuar a desaceleração da atividade na primeira metade do ano, mas é insuficiente para melhorar o cenário para 2021, na avaliação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). A entidade passou a esperar nova rodada de políticas governamentais de compensação de renda, mas manteve a estimativa de crescimento de 3,6% para o Produto Interno Bruto (PIB) na média do ano.
 
Na edição de fevereiro do Boletim Macro, antecipada ao Valor, o instituto afirma que a heterogeneidade entre países, semestres e setores será um traço forte da evolução da economia mundial em 2021. Enquanto nações asiáticas, que sofreram menos com a pandemia, e os EUA e Reino Unido, mais avançados no processo de vacinação, devem puxar o crescimento do PIB global, emergentes latino-americanos devem seguir com desempenho relativamente fraco.
 
Para a equipe de conjuntura do Ibre/FGV, os países emergentes só devem atingir o atual nível de vacinação dos Estados Unidos, em que cerca de 17% da população já recebeu ao menos a primeira dose, em meados do segundo semestre deste ano.
 
“Isso, claro, aumenta os riscos associados às novas variantes do coronavírus e, portanto, a incerteza sobre o ritmo da recuperação e a saúde fiscal nesses países”, alertam Armando Castelar, coordenador de Economia Aplicada do Ibre/FGV, e Silvia Matos, coordenadora técnica do boletim, na abertura do documento.
 
No Brasil, apontam Castelar e Silvia, o ritmo de imunização da população está muito lento: até a terceira semana deste mês, em torno de 6 milhões de doses de vacinas haviam sido aplicadas no país, o que equivale a apenas 2,8% da população. Enquanto isso, a pandemia não dá sinais de melhora. Há uma queda consistente no número de novos casos, mas o número diário de mortes se estabilizou em patamar elevado, ponderam os economistas, um pouco acima de mil mortes na média móvel de sete dias.
 
“Permanece, portanto, a avaliação de que o crescimento ao longo de 2021 deve ficar concentrado no segundo semestre, ainda que as novas políticas de compensação de renda, se oficialmente aprovadas, ajudem a mitigar a desaceleração da atividade econômica na primeira metade do ano”, comentam Silvia e a pesquisadora Luana Miranda na seção de atividade do boletim.
 
O cenário-base do Ibre/FGV para 2021 passou a contar com prorrogação do auxílio emergencial, que teria início em março e se estenderia por todo segundo trimestre, no total de R$ 30 bilhões. Além disso, a entidade incluiu em suas estimativas cerca de R$ 50 bilhões em antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas para abril e maio.
 
“Ainda que a aprovação dessas medidas ocorra, a massa ampliada de rendimentos deve registrar queda ao longo deste ano quando comparada a 2020, pois o volume de recursos liberados em 2021 será muito menor do que o que foi liberado no ano passado”, observam Silvia e Luana, para quem as transferências de renda devem apenas diminuir a retração do PIB a ser observada no segundo trimestre.
 
De janeiro a março, o Ibre/FGV estima que o PIB vai cair 0,4% em relação aos três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais. Já para o segundo trimestre, por ora, a expectativa é de recuo de 0,5%. Mesmo com duas retrações seguidas do PIB na comparação trimestral, ainda é cedo para falar em recessão técnica no primeiro semestre, porque os números podem mudar após revisão do IBGE, ressalta Silvia.
 
Mesmo assim, a percepção é que a recuperação está condicionada ao processo de vacinação e, por isso, a primeira metade do ano será muito fraca em termos de atividade. “Vamos passar alguns meses com possibilidade de piora da pandemia, e a economia acaba sofrendo mais, com menos renda, menos emprego e menos circulação de pessoas. Nesse quadro, as atividades vão demorar mais para se normalizar”, diz a coordenadora do boletim.
 
Apesar da perda de fôlego da atividade no começo do ano, o balanço de riscos para a inflação piorou na visão do Ibre/FGV. Na seção sobre preços do documento, o pesquisador André Braz aponta que as cotações de commodities importantes para a atividade produtiva não param de subir, o que vem sustentando um maior espalhamento dos reajustes ao consumidor “Inicialmente se imaginava que esses aumentos ficariam mais concentrados em 2020, havendo pouco espaço para novas acelerações em 2021. No entanto, o gradual aquecimento da economia mundial vem sustentando novos aumentos em dólar de commodities agrícolas e industriais”, destaca Braz, que estima alta de 3,75% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) este ano.

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