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Imprensa
Dólar e juros sobem junto com percepção de risco-país

A canetada do presidente Jair Bolsonaro sobre a Petrobras também contaminou os mercados de câmbio e juros no pregão desta segunda. As lembranças da interferência dos governos do PT na economia e o risco de que o voluntarismo do presidente acabe afetando também a questão fiscal permearam o pregão, resultando em alta firme dos juros futuros. O dólar novamente testou o patamar de R$ 5,50.
 
No fim da sessão, a moeda americana foi negociada em alta de 1,26%, a R$ 5,4554, após tocar a máxima de 5,5337. O avanço, no entanto, foi contido com a ajuda do Banco Central (BC), que interveio injetando o equivalente a US$ 1 bilhão no mercado de derivativos, por meio de swaps cambiais.

Já o rendimento do contrato do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 saltou de 7,37% para 7,58%, após exibir uma alta superior a 30 pontos-base durante o dia.

A preocupação com a crise na Petrobras também fez investidores anteciparem o momento em que esperam que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC deve iniciar a alta da Selic. A curva de juros passou a apontar uma chance de 88% de alta de 50 pontos-base dos juros básicos já no encontro de março — até sexta, a expectativa era de 76%.

Já o spread dos contratos de cinco anos de Credit Default Swap (CDS), uma medida bastante utilizada de risco-país, saltou a 182 pontos, uma alta de 11,72% apenas em um dia.

Em que pese a importante piora dos ativos domésticos, profissionais do mercado avaliam que o episódio ainda não dispara uma revisão de cenário drástica, que implique no desmonte generalizado de posições favoráveis aos ativos.

Na visão de Renato Pascon, diretor de renda fixa e multimercados da gestora Franklin Templeton, o prêmio de risco nos juros continuará alto, mas o mercado manterá “esperanças” em relação ao andamento da agenda de reformas no Congresso sob nova presidência da Câmara e do Senado. “O mercado vai piorar quando saírem notícias de intervenção direta do do governo e melhorar quando a agenda andar”, afirma Pascon.
 
O episódio na Petrobras não alterou a estratégia da casa em juros. “Já estávamos bem defensivos, então, para a gente foi boa essa piora de cenário”, disse.

A posição da gestora é aplicada em inflação implícita, resultante de uma posição doada (apostando na queda) dos juros reais com a carteira de NTN-Bs totalmente protegida por uma posição tomada (apostando na alta) dos juros longos.

Marcos Mollica, gestor de fundos do Opportunity, afirma que mantém posições praticamente zeradas em renda fixa. “Há muito prêmio na curva hoje e o ambiente está muito desfavorável, com commodities e câmbio em alta. Acho que pode haver uma volta de racionalidade conforme o BC balizar o ciclo de alta”, diz. Ele acredita que o BC deverá começar o ciclo de alta já em março.
 
“Se existia dúvida de que o ciclo de altas da Selic deve começar em março, bem provavelmente esta dúvida acabou agora”, diz Sérgio Zanini, sócio e gestor da Galapagos Capital. Para ele, o noticiário sobre a Petrobras veio em um momento ruim, já que existia a expectativa de que a aprovação do auxílio emergencial junto com a PEC emergencial pudesse abrir uma janela positiva para os ativos locais.
 
“Infelizmente, vai ter impactos secundários na curva de juros e no que é, na minha opinião, a variável macro em que vejo estar o maior problema hoje, o câmbio”, diz. “Isso porque o Brasil está passando por um momento de baixo crescimento e inflação alta.”

Zanini está entre aqueles que entendem que o BC exagerou na queda dos juros e que, com isso, impediu o real de se apreciar com a alta das commodities. Por outro lado, o fato de que isso tende a acelerar da alta da Selic no Brasil acaba sendo positivo para a perspectiva da moeda brasileira, complementa. Tanto que, desde sexta, a gestora acabou reduzindo a posição já pequena que mantinha em bolsa no Brasil, mas não mexeu em sua aposta otimista no real, feita contra o peso mexicano.
 
“Em um mundo onde muitos países estão com juros perto de zero, acredito que o diferencial acaba tendo importância maior que outros fatores”, diz. “É só ver o caso do México, onde o BC surpreendeu cortando a taxa básica e indicando novos cortes. Apesar da turbulência no Brasil, o peso tem tido desempenho pior que o real desde então”, nota. Desde o anúncio do Banxico, o peso mexicano se desvalorizou 3,79%, contra 1,23% da moeda brasileira.

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