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Imprensa
Bolsonaro deve demitir presidente do BB após fechamento de agências

O presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir o presidente do Banco do Brasil, André Brandão, confirmou ao Valor uma fonte do Palácio do Planalto. A saída de Brandão, que até o fechamento desta edição não havia sido oficializada, estaria ocorrendo porque o Bolsonaro ficou muito irritado com a repercussão do fechamento de agências do banco e do plano de demissão voluntária anunciados na segunda-feira.
 
Fontes do BB, porém, lembraram que as medidas anunciadas foram aprovadas por Guedes e apresentadas ao Planalto. Outros interlocutores, contudo, disseram que Bolsonaro não foi informado diretamente sobre o plano e estaria muito contrariado com o momento em que foi adotado.

A informação da saída de Brandão circulou no início da tarde desta quarta, com total silêncio do Ministério da Economia e do BB. Nos bastidores da instituição, a notícia se tornou o grande tema e havia muita expectativa sobre os posicionamentos oficiais da pasta e do Planalto. Internamente, Brandão não fez um anúncio para os funcionários e tentou passar um clima de normalidade. O executivo estava em Brasília e viajou para São Paulo à tarde, mantendo a agenda.
 
O movimento de Bolsonaro é claramente político. Por coincidência, o anúncio de fechamento de agências e do PDV, que pretende alcançar cerca de 5 mil funcionários, ocorreu no mesmo dia do fechamento das fábricas da Ford no Brasil. A saída da montadora resultará na extinção também de vagas diretas, colocando mais lenha em dados já negativos sobre o desemprego.
 
Na cúpula do banco, as primeiras notícias sobre a queda iminente de Brandão — que chegou ao cargo há menos de quatro meses — foram recebidas inicialmente com cautela e até com uma cerca descrença. Já se esperava que haveria reação política ao plano de eficiência anunciado pela instituição nesta semana. Sempre que há ações desse tipo, lembrou um interlocutor, parlamentares levam suas queixas ao Planalto e dessa vez não foi diferente. Porém, até o meio da tarde não estava claro se Guedes bancaria o executivo.
 
Teme-se, por diferentes razões, a reedição do padrão de interferências da ex-presidente Dilma Rousseff nos bancos públicos. Há também um grande temor de que a cadeira vazia entre no âmbito das negociações para a presidência da Câmara e do Senado, cuja eleição ocorrerá no início de fevereiro.

O silêncio de Guedes durante o dia chamou atenção, reforçando versões de que Brandão teria um apoio menos enfático do ministro, por ter sido indicação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ainda que chancelada pelo chefe da área econômica.

Os rumores e o silêncio azedaram o humor dos investidores, que penalizaram as ações do banco. Os papéis do BB recuaram 4,94%, para R$ 37,55, enquanto o Ibovespa caiu 1,67%.

Para alguns interlocutores, Brandão também estaria ofuscado pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, que é muito próximo de Bolsonaro e na véspera foi protagonista de evento no Planalto para comemoração dos 160 anos do banco. No evento, Guimarães destacou a presença da Caixa em todo o território nacional.

As medidas anunciadas pelo BB na segunda-feira são parte de um pacote que mira uma economia de R$ 10 bilhões até 2025, como forma de aumentar a competitividade da instituição em um ambiente cada vez mais disputado. A decisão anunciada foi de fechar 112 agências que seriam deficitárias e 242 postos de atendimento, além de simplificar a atividade de mais de uma centena de outras.
 
Brandão chegou ao BB depois de Rubem Novaes ter pedido demissão do cargo apontando justamente dificuldades de se adaptar à cultura de “compadrios, privilégios e corrupção de Brasília”.

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