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Imprensa
Inflação sobe e fecha 2020 a 4,5%, o maior índice desde 2016; alimentos ficam 14% mais caros

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação brasileira, fechou 2020 com alta de 4,52%, pressionado principalmente pelo encarecimento dos alimentos diante da disparada do dólar e o aumento das demandas doméstica e internacional. Este é o maior valor para a inflação nacional desde 2016, quando o IPCA encerrou com alta de 6,29%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 12. Em 2019, a variação de preços foi de 4,31%. O índice ficou acima da meta de 4% perseguida pelo Banco Central — com margem para variar entre 2,5% e 5,5%. Para 2021, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu o centro da inflação em 3,75%, com limites de 2,25% e 5,25%. O índice veio acima do esperado pelo mercado. Economistas e entidades consultados pelo BC estimavam que o IPCA encerrasse 2020 com alta de 4,37%, segundo números do Boletim Focus publicados nesta segunda, 11. Em dezembro, a inflação avançou para 1,35%, após alta de 0,89% em novembro. Esta foi a variação mais intensa desde fevereiro de 2003 e a maior para um mês de dezembro desde 2002.
 
A disparada do valor dos alimentos foi o principal vilão para a inflação no ano passado. A alta de 14,09% foi puxada principalmente pelo encarecimento de 103,79% do óleo de soja e 76,01% do arroz. Outros itens importantes na cesta das famílias também tiveram altas expressivas, como o leite longa vida (26,93%), as frutas (25,40%), as carnes (17,97%), a batata-inglesa (67,27%) e o tomate (52,76%). A alta no grupo foi a maior desde 2002, quando fechou com avanço de 19,47%. A pressão inflacionária é resultado de uma “tempestade perfeita” causada pela pandemia do novo coronavírus na economia do mundo inteiro. Com as restrições impostas pelas medidas de isolamento social, os brasileiros passaram a consumir mais alimentos em casa, aumentando a demanda sobre esses produtos. Ao mesmo tempo, a recuperação antecipada de outros países, principalmente da China, fez crescer a procura por alimentos, em especial a carne, o arroz e a soja (que é usada como ração para criação de animais), entre outras commodities. Além de não ter opção de comer fora, o auxílio emergencial distribuído pelo governo federal aumentou o poder de consumo de milhões de brasileiro e impulsionou as vendas de diversos setores, como o de materiais de construção e eletrônicos, além do próprio grupo de alimentos e bebidas. O governo federal tentou conter a disparada do valor do arroz com a isenção de tarifas para a importação do produto a partir de setembro, mas a medida não surgiu efeito na queda dos preços. Em paralelo essa mudança de comportamento dentro do país, a crise econômica fez o real desvalorizar muito ante o dólar. Essa queda do câmbio favoreceu as exportações, fazendo com que os produtores dessem preferência para as vendas internacionais, prejudicando ainda mais o mercado doméstico. Por outro lado, o fortalecimento da divisa norte-americana aumentou os custos para a importação, e produtos que tem em sua base insumos ou matérias-primas de outros países acabaram encarecendo nas prateleiras.
 
Os dados divulgados pelo IBGE também apontam a alta de 5,25% no preço da habitação, puxada principalmente pelo encarecimento de 9,14% da energia elétrica. O disparada do dólar também pressionou o encarecimento de 6% nos artigos de residência, principalmente os eletrodomésticos, equipamentos e artigos de TV, som e informática. Somados, os grupos de alimentação e bebidas, habitação e artigos de residência corresponderam por cerca de 84% da inflação no ano passado. Já os transportes, segundo maior peso na composição do indicador, fecharam o ano com alta de 1,03%. “Tivemos quedas fortes, em abril e maio, por conta do preço da gasolina, que fechou o ano em queda (-0,19%), apesar das seis altas consecutivas de junho e dezembro. As passagens aéreas tiveram uma queda de 17,15% no acumulado ano, ajudando a puxar o resultado para baixo”, afirma Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IPCA. O vestuário foi o único grupo pesquisado pelo IBGE que registrou variação negativa, fechando o ano com queda de 1,13%. “Por conta do isolamento social, as pessoas ficaram mais em casa, o que pode ter diminuído a demanda por roupas. Tivemos quedas em roupas femininas (-4,09%) e masculinas (-0,25%) e infantis (-0,13%), calçados e acessórios (-2,14%). A única exceção foram joias e bijuterias (15,48%), por causa da alta do ouro”, afirma Kislanov.

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