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Imprensa
Queda de juro faz banco reter mais dinheiro

Os bancos aumentaram em R$ 25,3 bilhões o volume de cédulas e moedas que mantêm em caixa no último ano, numa mudança de padrão provocada pela pandemia e pela queda dos juros básicos a percentuais historicamente baixos. O montante retido pelos bancos subiu a R$ 65,9 bilhões em julho, um incremento de 62% em relação aos R$ 40,6 bilhões observados no mesmo mês do ano passado. Os recursos que os bancos mantêm consigo em suas agências, nos caixas eletrônicos e nas transportadoras de valores de sua propriedade tecnicamente são chamados de encaixe.

Famílias e empresas também passaram a reter mais dinheiro em espécie no último ano, mas o incremento, embora robusto, foi menos intenso do que o observados nos bancos. A alta foi de 43% em 12 meses, para R$ 279,9 bilhões no fim de julho.
 
O principal motivo para os bancos aumentarem os encaixes foi escapar dos custos de entregá-los ao Banco do Brasil, responsável por fazer a custódia de numerário em nome do Banco Central. O Banco do Brasil cobra uma tarifa entre 0,21% e 0,44% dos valores depositados, para ressarcir os seus custos operacionais. A custódia é um serviço de guarda de dinheiro prestado pelo BB, que, após processamento, destrói as cédulas em mau estado de conservação e recoloca as que estão em boas condições para circular, quando há demanda do público.
 
Quando os bancos depositam dinheiro em custódia no Banco do Brasil, o valor correspondente é creditado como um saldo na conta de reservas bancárias, uma espécie de conta corrente que as instituições financeiras são obrigadas a manter no Banco Central. Esses depósitos são passíveis de remuneração pelo BC. Quando menor os juros básicos da economia -hoje, em 2% ao ano - menor a remuneração recebida pelos bancos.

A queda da taxa de remuneração nos depósitos em reservas bancárias, comparada com o que os bancos pagam pelos serviços de custódia, levou essas instituições financeiras a reter mais dinheiro em espécie consigo, aumentando o encaixe.
 
Nas últimas semanas, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, citou a queda dos valores em custódia no Banco do Brasil como um risco potencial à estabilidade financeira num momento em que os juros básicos caem aos menores percentuais da história.
 
Em sua reunião de agosto, o Banco Central cortou os juros menos do que achava adequado, justamente para avaliar melhor possíveis repercussões negativas no sistema financeiro. O BC complementou o estímulo que considerava necessário com um “forward guidance”, ou seja, a indicação de que não vai subir os juros, e poderá até baixá-los, enquanto as suas projeções de inflação e as expectativas de mercado não se aproximarem das metas.
 
Campos Neto não entrou em detalhes sobre por que o aumento do dinheiro com os bancos representa um potencial risco à estabilidade. O fenômeno, porém, cria uma ineficiência no sistema num momento em que o Banco Central se desdobra para atender à maior demanda de dinheiro em espécie pela população.
 
Muita gente sacou dinheiro para deixar em casa durante a pandemia e, assim, evitar o risco de contágio com idas frequentes aos bancos. Além disso, a demanda por dinheiro aumentou com o pagamento de auxílio emergencial e com a liberação de recursos do FGTS. Esse repentino aumento no dinheiro em circulação - que normalmente cresce a uma taxa de 6% ao ano - criou para o BC o desafio de fabricar cédulas o suficiente para atender à população. A Casa da Moeda trabalha perto do limite de sua capacidade e as casas impressoras estrangeiras também têm pouca margem para atender tempestivamente novas encomendas do BC.
 
O dinheiro em circulação, incluindo notas e moedas que estão com a população e com os bancos, aumentou R$ 109 bilhões no período de 12 meses até julho, para R$ 345,7 bilhões. Desse aumento, quase um quarto ficou retido com os bancos. Para atender à demanda adicional, o BC lança amanhã a cédula de R$ 200.
 

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