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Imprensa
Brasileiro paga dívida com auxílio

Empresas de recuperação de crédito e cobrança viram suas atividades acelerar durante a pandemia de covid-19. Mas, ao contrário do que se poderia imaginar, ainda não é a alta da inadimplência que está turbinando os negócios. O grande fator de crescimento tem sido o dinheiro extra no bolso dos brasileiros vindo do auxílio emergencial ou da redução doconsumo, que tem ajudado a regularizar pagamentos de operações em atraso.
 
Companhias desses dois setores relatam aumentos de 35% a 50% nos volumes renegociados em julho e agosto quando comparados aos de maio - mês em que as operações estabilizaram após a queda brusca que se viu quando o coronavírus desembarcou no Brasil.
 
A renda extra nas mãos de milhões de famílias se soma a uma postura mais proativa de bancos e varejistas para flexibilizar pagamentos e sugere uma melhora na educação financeira. Não há, até agora, sinais de uma alta significativa do consumo como a que ocorreu na saída da crise de 2008.
 
“O dinheiro está circulando. O auxílio emergencial trouxe uma liquidez importante para a economia, em dose cavalar”, afirma Wagner Sanches, presidente da Recovery, empresa de recuperação de crédito controlada pelo Itaú Unibanco. “As pessoas estão gastando menos e usando o que sobra para reequilibrar seus orçamentos.”
 
A Recovery compra créditos vencidos no mercado ou então cedidos pelo próprio Itaú e atua na recuperação desses valores. A empresa tem uma carteira de cerca de R$ 30 bilhões.
 
Com os períodos de carência nos bancos chegando ao fim, a fintech de cobrança Quitejá tem visto alguns clientes agir de forma preventiva - com a busca de prazos mais curtos ou até fazendo pagamentos à vista de suas dívidas para aproveitar o dinheiro economizado. “Os bancos melhoraram as condições, deram carência e facilitaram renegociações”, diz Luiz Henrique Garcia, sócio-fundador da empresa, que presta serviços para instituições financeiras e varejistas, mas não adquire carteiras.

“A gente sente uma retomada do interesse dos clientes em falar sobre renegociação de dívidas”, afirma Mariana Perez, executiva-chefe da emDia, plataforma de renegociação digital criada no ano passado pelo Santander.
 
A percepção das empresas corrobora dados de pesquisa divulgada pela XP/Ipespe em julho, segundo a qual 16% dos beneficiários disseram ter usado o auxílio emergencial para pagar dívidas.
 
A dúvida é se esse cenário positivo se manterá nos próximos meses, especialmente com o fim do auxílio emergencial. “A renda melhorou, mas é meio falso. Vamos ver a realidade quando parar”, diz Alexandre Nobre, sócio da RCB, empresa de recuperação de crédito controlada pelo Bradesco.
 
Segundo ele, a RCB chegou a prever queda de até 80% na receita deste ano quando a crise estourou, mas a reação do mercado nos meses seguintes surpreendeu. A permanência desse cenário, porém, é incerta. Além da retirada dos estímulos fiscais, o comportamento do mercado de trabalho é outro fator de incógnita. “E se o desemprego subir para 17%?”, questiona.

Se o desempenho da economia ainda é incerto, a digitalização dos processos de cobrança, acelerada pela pandemia, é um fator que veio para ficar e também tem dado sua contribuição para os negócios.

Com ferramentas de marketing digital, as empresas têm levado ofertas para a palma da mão dos consumidores, e têm encontrado maior receptividade. “É bem menos invasivo do que uma ligação de call center”, afirma Mariana, da em Dia.

O processo de digitalização já vinha acontecendo, mas as medidas de isolamento acabaram dando um empurrão no processo. “Muitos call centers não estavam preparados para atender de forma remota, e houve uma migração para canais digitais”, diz Garcia, da Quitejá. A plataforma da empresa, que tinha 7 milhões de CPFs e CNPJs cadastrados em janeiro, tem agora cerca de 30 milhões e a previsão é dobrar esse número até o fim do ano.
 
Há também um interesse crescente de empresas não financeiras em buscar soluções para renegociar dívidas de clientes de forma digital. A emDia fechou recentemente parceria com varejistas como a Havan e a operadora de telefonia Vivo, e tem quatro companhias em fase de integração. “Estamos recebendo muita demanda do varejo para digitalizar a cobrança”
 
 
 
 

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