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Imprensa
Dólar supera R$ 5,50 com risco fiscal

As preocupações com a trajetória fiscal no curto prazo se somaram ontem à recepção negativa da ata da última reunião do Federal Reserve, que mostra dirigentes ainda inseguros com o rumo dos estímulos monetários nos Estados Unidos. Essa combinação levou o dólar a superar o patamar de R$ 5,50 novamente, mesmo com novo leilão extraordinário de swap cambial pelo Banco Central.
 
A moeda americana fechou em alta de 1,14%, a R$ 5,5287, perto da máxima intradiária de R$ 5,5384. A valorização do dólar chamou a atenção do BC, que leiloou 10 mil contratos de swap cambial, mas acabou tendo efeito praticamente nulo sobre a cotação da moeda.
 
Vale dizer que a busca por proteção se estendeu no mercado de derivativos no fim da tarde, após decisão do Senado em derrubar vetos do presidente Jair Bolsonaro em iniciativas que podem aumentar os gastos públicos. O contrato futuro de dólar subiu 1,63%, aos R$ 5,5600. Já a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para 2027 chegou ao fim da sessão estendida em 6,92% ante 6,70% no dia anterior.
 
Em dia que já era marcado por bastante cautela, os senadores aprovaram no fim da tarde, por 42 votos a 30, a derrubada do veto feito pelo presidente Jair Bolsonaro ao aumento de despesas com carreira, reajustes, concessão de vantagens ou criação de cargos e funções de servidores públicos civis e militares. A decisão, que poderia gerar um rombo de a até R$ 132 bilhões, seguiu então para a Câmara.
 
Mesmo antes disso, o tom no exterior também não era dos melhores. A postura mais cautelosa que o esperado do Fed levou o dólar a ampliar ganhos contra moedas desenvolvidas e desacelerar perdas contra emergentes.
 
Segundo a ata, dirigentes do Fed voltaram a discutir que passos adicionais podem dar no sentido de prover mais estímulos à economia americana. No entanto, foi comentado que o controle da curva de juros (YCC, na sigla em inglês), uma das opções à mesa, oferecia benefícios “modestos” no atual ambiente. Houve também um tom mais negativo que o esperado sobre os riscos que rondam a recuperação da economia americana, em especial os relativos a uma possível segunda onda e Covid-19 no país.
 
“Os dirigentes temem o custo potencial do YCC, incluindo ‘a possibilidade de uma expansão excessivamente rápida do balanço e dificuldades em comunicar a estratégia de retirada da política”, notam economistas do ING. “No entanto, caso os rendimentos dos Treasuries voltem a subir de forma significativa - talvez através de uma emissão mais rápida do Tesouro, que precisa financiar seu déficit recorde - esta opção volte à mesa de discussão”.
 
Voltando para a cena doméstica, nesse ambiente de tanto risco fiscal, alguns participantes de mercado notam que o real já parece andar novamente descolado dos demais emergentes. “O dólar segue entre R$ 5,40 e R$ 5,50, completamente dissociado do mercado externo. Há chances de a tendência de médio prazo reverter enquanto o dólar seguir acima da região de R$ 5,40”, diz a WIA Investimentos em nota.
 
O mau desempenho do real foi notado pelo próprio Federal Reserve. Em seu comentário sobre a situação financeira global feita, o BC americano lembra que, da reunião de 9 e 10 de junho para o encontro de 28 e 29 de julho, o real teve depreciação de quase 5% em relação ao dólar. Isso ocorreu “em meio aos contínuos cortes de juros pelo Banco Central do 
do Brasil, escalada nos casos de coronavírus e turbulências políticas no Brasil”.

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