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Imprensa
BB pode vender negócios na área de cartões

O Banco do Brasil (BB) colocou em revisão suas participações no setor de cartões, o que poderá levar a uma reorganização da área e até à venda de ativos, apurou o Valor. O objetivo é estudar como “extrair mais valor” das operações, segundo duas fontes a par do assunto.

O presidente do BB, Rubem Novaes, e o presidente do conselho de administração, Hélio Magalhães, estão diretamente envolvidos. Um diagnóstico deve ser concluído até o fim de junho. “O mercado [de pagamentos] está crescendo fortemente. Temos todo o ecossistema nas mãos. A ideia é aproveitar melhor as sinergias”, diz uma fonte.

Os negócios do BB incluem uma administradora de cartões e participações na credenciadora Cielo, na empresa de vouchers de alimentação Alelo, na Cateno, que processa as transações com cartões de débito, e na bandeira de cartões Elo. O investimento nesses ativos estava avaliado em R$ 9,2 bilhões no balanço de setembro de 2019. O BB divulga amanhã as demonstrações do quarto trimestre.

As discussões também passam pelo posicionamento que o banco quer dar à sua carteira digital, que está sendo desenvolvida e deve competir com soluções como o iti, do Itaú Unibanco, e o PicPay, controlado pelo Original. O BB está fazendo uma aposta grande na “wallet” e quer que ela seja um agregador de meios de pagamentos. O lançamento está previsto para ocorrer ainda neste semestre, diz um interlocutor a par dos planos.

Em 2019, o banco já reorganizou as empresas relacionadas à área, que foram reunidas sob a holding BB Elo Cartões Participações. Até então, parte das operações – inclusive ações da Cielo – estava debaixo do banco de investimento. A mudança foi um passo para reorganizar os ativos para a parceria firmada com o UBS no banco de investimento, mas deixou a holding de cartões posicionada para uma eventual abertura de capital, afirma uma fonte familiarizada com a instituição. Porém, um plano nesse sentido não está no radar por enquanto, segundo outra pessoa próxima ao banco.

A Cielo é o mais valioso dos ativos do banco em cartões, e também o que enfrenta o maior desafio. Controlada por BB e Bradesco, a credenciadora vem perdendo valor de mercado diante do aumento da concorrência, e investidores levantam as hipóteses de venda ou fechamento de capital. Novaes descartou essas possibilidades no ano passado. Essa orientação não mudou, assim como a necessidade de a companhia reencontrar sua vocação, afirma uma fonte.

Resolver o nó da Cielo não é simples. A credenciadora tem importância estratégica não apenas em pagamentos, mas como ponto de contato com os clientes para a oferta de outros produtos bancários. Desde o fim de 2018, a empresa abriu mão de rentabilidade para estancar a perda de “market share”. As vendas até reagiram, mas não convenceram o mercado. A estratégia mudou de novo em 2020, quando a Cielo sinalizou que voltará a priorizar resultado. “Foi importante comprimir margem para manter participação de mercado, mas neste ano isso vai mudar”, diz fonte próxima ao BB.

Mesmo que quisesse vender sua parte na companhia, o banco precisaria desfazer uma série de amarras com o Bradesco. Uma exigência do sócio é que, se algum deles vender a participação, terá de ficar fora do setor de adquirência por um tempo. Outra é que o vendedor não pode negociar com outra credenciadora para evitar que se fortaleça um concorrente.

Outro ponto que adiciona complexidade no cenário é a Cateno. A empresa é uma joint venture entre Cielo e BB, e tem como atividade principal processar transações de cartões de débito do banco. A questão é que o valor do ativo reside justamente nesse contrato. Se o BB saísse do negócio, a empresa deixaria de fazer sentido – e a Cielo precisaria ser ressarcida.

“A solução ideal seria o BB vender a fatia que detém na Cielo ao Bradesco, e comprar da credenciadora a Cateno de volta”, diz fonte próxima aos acionistas. Nesse caso, o Banco do Brasil continuaria sendo remunerado pelo uso de seu balcão para vender produtos da credenciadora. Mas, além de um acordo entre os bancos, seria necessário chegar a um preço aceitável pelo Tribunal de Contas da União, já que a Cielo perdeu valor.

Nas últimas semanas, também circulou a possibilidade de um IPO da bandeira Elo, controlada por BB e Bradesco e que tem a Caixa como minoritária. Quem levantou a hipótese foi o presidente da Caixa e do conselho de administração da Elo, Pedro Guimarães, ponderando não ter falado ainda com os sócios. Estes, porém, ficaram incomodados com a declaração, apurou o Valor. “É uma decisão que cabe aos controladores”, diz um executivo de uma dessas instituições.

Procurado, o BB não se manifestou até o fechamento desta edição. O Bradesco afirmou que não comenta especulações de mercado.

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