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XP dobra resultado e espera acelerar serviços bancários
Fonte: Valor Econômico - 05/05/2021 às 12h05
A XP Inc. fechou o primeiro trimestre com lucro líquido recorrente de R$ 846 milhões, cifra que representa pouco mais que o dobro do resultado obtido no mesmo intervalo do ano passado. Todas as linhas operacionais bateram recorde entre janeiro e março, com o resultado bem distribuído nas diversas áreas de negócios, segundo o CFO da XP, Bruno Constantino.
A receita bruta alcançou R$ 2,8 bilhões, um aumento de 50%, enquanto o lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) teve incremento de 75% para R$ 1 bilhão.
Conforme reportado nas prévias operacionais, a instituição chegou ao fim de março com R$ 715 bilhões em ativos sob custódia, com avanço de 96%, e 3 milhões de clientes ativos.
Todo o lucro deste e dos próximos trimestres continuará sendo reinvestido, frisou Constantino, para acelerar o crescimento da companhia, especialmente na nova vertical que é o banco. “Essa é uma avenida recente para a XP, mas com potencial gigantesco”, disse em conferência com a imprensa.
O cartão com a bandeira Visa, lançado em março, movimentou cerca de R$ 500 milhões. O crédito, com garantia de investimentos na XP, bateu a marca de R$ 4,7 bilhões, depois de ter fechado em R$ 4 bilhões em 2020.
Com pouco mais de um ano efetivamente operacional, o banco tem no seu planejamento para 2021 oferecer conta digital, possibilitar pagamentos e cartão de débito, além de desenvolver novas linhas de empréstimo e de câmbio, disse José Berenguer, CEO do Banco XP. “O regulador já se mostrou pró-competição. O Pix [transferência instantânea] e o open banking [abertura da vida financeira pelo cliente não importa onde tenha conta] são favoráveis a nossa iniciativa.”
A expectativa é que o crescimento a partir de agora se acelere no segmento corporativo, em que a XP reúne cerca de 35 mil empresas. “A gente começou atendendo o cliente investidor, o mais difícil, que era premium no varejo bancário. Esse cliente já está dentro de casa”, prosseguiu Berenguer. Com uma base já rentável, o executivo disse que dá para exercer o poder de preço na oferta de novos produtos e ser mais agressivo para ganhar mercado.
Ele citou que, para qualquer lado que se olha, os cinco maiores bancos do país concentram de 80% a 90% dos negócios. “Vai ter uma mudança grande na geografia, na forma de trabalhar o cliente com o open banking. Vai ser muito profunda porque vai pegar investimentos, seguros. Os competidores poderão criar produtos enxergando o saldo do cliente.”
Constantino citou que quando se compara com outros entrantes, que começaram com a estratégia digital desafiando os bancões, a diferença é que ainda não são rentáveis, priorizaram a base da pirâmide, que costuma ser menos fiel e sensível a preço. Ele acrescentou que o pool de receitas do sistema financeiro é da ordem de R$ 800 bilhões. A XP, nos últimos 12 meses, fez algo um pouco superior a 1% disso. “O que aconteceu com investimentos segue um caminho parecido, senão maior no mundo de serviços e produtos bancários. Estamos ainda no início”, disse. “Quando se olha para as pequenas e médias empresas, são tão maltratadas quanto era a pessoa física nos investimentos por causa da baixa competição e alta concentração".
Na custódia de investimentos, Constantino evitou sinalizar em quanto tempo a XP espera atingir a marca de R$ 1 trilhão. Em 2018 - antes de colocar a oferta pública inicial (IPO) em marcha para estrear na Nasdaq, no ano seguinte -, o CEO, Guilherme Benchimol, estimava alcançar essa cifra até 2020. Está mais perto, mas agora ele passa o bastão para Thiago Maffra, que é o atual executivo-chefe de tecnologia e que liderou a transformação digital da XP nos últimos anos. O executivo assume na semana que vem e o plano é que a XP seja cada vez mais reconhecida como uma empresa de tecnologia.
Benchimol já disse que seguirá 100% dedicado à empresa na presidência do conselho de administração, priorizando o crescimento estratégico, iniciativas de inovação, expansão e aquisições.