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Presidente do BC está mais otimista com o fiscal

Fonte: Valor Econômico - 02/06/2021 às 12h06

Fonte: Valor Econômico
 
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem expressado uma visão mais otimista com o andamento da política fiscal, o que levanta uma dúvida: isso poderá mudar de alguma forma o balanço de riscos para a inflação? Aparentemente, não, pois ele ao longo do tempo sempre procurou destacar pontos positivos na agenda fiscal e de reformas, mesmo em meio a más notícias. O que teve de novo ultimamente foi destacado efeitos concretos nos mercados.
 
“A política fiscal recentemente tem melhorado, inclusive em prêmios de risco”, disse na semana passada, em entrevista para a CNN Brasil. “Talvez isso explica um pouco o comportamento melhor que o câmbio tem tido nos últimos tempos.” Campos não é a autoridade fiscal, e suas opiniões sobre as contas públicas podem ter algum interesse apenas na medida em que afetem as decisões de política monetária do Banco Central.
 
Embora improvável, em tese isso pode ocorrer de três formas. Primeiro, pelo impacto direto que tem nos prêmios de risco e, consequentemente, na taxa de câmbio. O problema fiscal tem sido um dos principais fatores que obstruem a transmissão da melhora de termos de troca, com a alta nos preços de commodities, na taxa de câmbio. A segunda forma é que, em tese, uma melhora da política fiscal pode levar a uma taxa neutra mais baixa, ou pelo menos conter o seu aumento. Esse efeito costuma ocorrer apenas ao longo do tempo.
 
Mas o principal efeito que a melhora na política fiscal, vista pelo presidente do Banco Central, eventualmente poderá ter na política monetária é no balanço de riscos para a inflação.
 
Durante muito tempo, o BC resistiu a cortar juros de forma mais acelerada justamente pelo risco fiscal. Mais recentemente, a assimetria altista do balanço de riscos elevou a inflação esperada pelo Banco Central e o fez subir mais o juro do que o esperado.
 
O balanço de riscos é o resultado do julgamento subjetivo dos membros do Comitê de Política Monetária (Copom). Alguns deles já indicaram no passado o que costumam olhar para tirar as suas conclusões: os prêmios de risco do mercado e a evolução da dívida bruta. Ambos tiveram alguma melhora recentemente.
 
Campos, porém, já vem falando há algum tempo de melhoras no campo fiscal, mas nem por isso o balanço de riscos se alterou. Seus pronunciamentos mais recentes sobre o assunto parecem ter pouca ou nenhuma implicação pratica para a política monetária.
 
No ano passado, ele estava muito preocupado, e alertou que “o Banco Central é o passageiro, o piloto é o fiscal”. Com a eleição das novas mesas do Congresso, em fevereiro, ele passou a ficar mais esperançoso com o andamento da política fiscal.
 
Depois de toda a confusão na aprovação do Orçamento, Campos voltou a destacar pontos positivos. Disse que o Brasil era um raro país que aprovou reformas no período da pandemia. Nada disso mudou a assimetria do balanço de riscos para a inflação. Mais recentemente, ele tem destacado o lado positivo, mas tem feito alguns alertas. Disse que a melhora fiscal tem sido pelo lado da receita e que falta avançar mais no lado dos gastos.

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