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Presidente do Agibank investe em marketing
Fonte: Valor Econômico
Marciano Testa e Juliana Algañaraz têm trajetórias profissionais muito diferentes. O empreendedor gaúcho é fundador e presidente do banco digital Agibank, cujas origens remontam a 1999. Já a executiva argentina acumulou larga experiência nas áreas de entretenimento e marketing: passou pelos canais de TV Discovery e Fox, foi presidente da produtora Porta dos Fundos e comandou a operação brasileira da Endemol, dona de “reality shows” como “Big Brother” e “Masterchef”. O encontro entre eles marca o nascimento de uma companhia, a.house, que traz o DNA de ambos e será lançada oficialmente hoje.
A dupla de sócios descreve a a.house como um “hub” que vai ajudar os clientes a traçarem estratégias de comunicação e coloca-las em prática. É uma área em profunda transformação. Nos últimos anos, diz Juliana, os canais disponíveis para ações de marketing se multiplicaram com a digitalização. A resposta mais adequada para uma empresa, hoje, pode vir de um simples “meme” no Twitter até a concepção de um “reality show” feito sob medida para a marca, diz ela. Mas as companhias precisam pensar em como usar os recursos de maneira integrada para criar um discurso coeso. “É preciso ter o domínio da narrativa”, alerta a especialista.
O lançamento da a.house ressalta a importância crescente que o conteúdo patrocinado vem assumindo no mercado de comunicação. As marcas financiam canais de entretenimento ou informação, mas não interferem no que é produzido. O objetivo, geralmente, é se aproximar do consumidor e conhecer melhor seus hábitos fora do ambiente da publicidade tradicional.
Aquisições recentes mostram essa tendência. Em abril, o Magazine Luiza comprou o Jovem Nerd, plataforma de conteúdo voltada ao público geek, com notícias de cinema, quadrinhos, games etc. O Magalu já havia comprado o site de tecnologia Canaltech em agosto do ano passado e o portal de moda Steal the Look, em março deste ano. O grupo SBF, dono da rede de artigos esportivos Centauro, fez movimento semelhante em dezembro de 2020 ao adquirir a NWB, produtora de conteúdo de esporte e dona dos canais Desimpedidos e Acelerados no YouTube.
Na a.house, os planos também preveem a aquisição de empresas de conteúdo para elevar a audiência e ajudar a alcançar segmentos do público nos quais a companhia demonstre interesse, diz Testa.
A a.house é uma sociedade entre o banqueiro, por meio da Agi Ventures, braço de investimento do grupo financeiro, e Juliana Algañaraz. Os dois se conheceram depois de Testa procurar a executiva para discutir um plano de comunicação para o banco. As conversas evoluíram e em vez de um contrato de serviço surgiu a concepção de uma nova companhia. Os termos do acordo e a estrutura societária não são revelados. O Agibank será o primeiro cliente da empresa recém-lançada.
“Os três pilares da a.house são conteúdo, construção de marca e desempenho”, afirma Testa. “Com base nesses fundamentos serão criados diversos produtos.”
A e.house é peça importante na estratégia do Agibank de diversificar sua atuação. Em dezembro do ano passado, por meio da Agi Ventures, o banco desmembrou sua área de tecnologia e criou uma companhia independente de infraestrutura de dados, a Hyperflame, que também oferece serviços a outras empresas.
Até o fim do ano, Testa planeja lançar um superaplicativo no qual vai reunir serviços bancários e não bancários. A inspiração vem dos superapps chineses. Por meio desses programas é possível fazer quase de tudo: trocar mensagens, encomendar refeições, pedir transporte, fazer compras etc. O exemplo mais conhecido é o WeChat, criado pela chinesa Tencent para concorrer com o WhatsApp.
A China foi o último destino de viagem de Testa antes da pandemia. Em dezembro de 2019, durante 15 dias, ele visitou empresas como WeChat e Alibaba, dono do superapp Alipay. A ideia, diz, é somar os recursos do aplicativo em desenvolvimento aos cerca de 800 pontos de contato do banco com pessoas que permanecem longe do mundo digital. “Queremos ter impacto no Brasil real", diz.