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PicPay busca atalho para open banking com aquisição do Guiabolso
Com uma base de 55 milhões de usuários, a carteira digital PicPay já tinha um bom ponto de partida para aproveitar as mudanças que serão vividas pelo mercado financeiro com a implementação do open banking no Brasil. Ainda assim, sentiu que lhe faltava expertise e foi procurar justamente um dos precursores na área de compartilhamento de dados no Brasil, a plataforma de gestão financeira Guiabolso.
O PicPay anunciou na sexta-feira a compra de 100% da fintech, em uma operação de valor não revelado. O negócio será pago majoritariamente em dinheiro, com uma parte pequena em ações.
“Ter uma base de clientes grande é bom para tudo, mas não basta. O open banking dará acesso a muitas informações, mas transformar isso em algo valioso para o cliente é bem mais difícil. Até poderíamos construir isso, mas demoraria para ganhar expertise, por isso fomos atrás da maior e melhor plataforma de open banking, que é o Guiabolso”, disse Eduardo Chedid, vice-presidente de serviços financeiros do PicPay, ao Valor.
Há cerca de um mês, o PicPay desistiu de realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Nasdaq, ao não aceitar o desconto pedido pelos investidores. Agora, segundo Chedid, os controladores - a holding J&F, da família Batista - se comprometeram a investir até R$ 3 bilhões na companhia até 2023. “Quando o IPO foi adiado, eles [os controladores] dobraram a aposta no PicPay. Estão dispostos a colocar o dinheiro necessário para que possamos executar nosso planejamento estratégico da mesma forma que se o IPO tivesse ocorrido”, afirmou.
Thiago Alvarez, fundador do Guiabolso, e que se juntará ao time do PicPay como diretor responsável por open banking, disse que simplificar a vida dos usuários passa por consolidar diversos produtos e serviços em um só lugar, algo que tanto a fintech quanto o PicPay já vinham fazendo. O Guiabolso tem 6 milhões de usuários e já concedeu mais de R$ 1 bilhão em crédito por meio de parceiros na sua plataforma. Seu marketplace tem mais de dez instituições, como Creditas, BV, Digio, Icatu e Órama.
“A aquisição visa posicionar o PicPay como protagonista do open banking, além de acelerar a nossa operação de marketplace financeiro, que já conta com cartão, crédito pessoal e empréstimo entre pessoas”, disse em nota José Antonio Batista, presidente do PicPay.
Segundo Chedid, atualmente a área de carteira digital ainda responde pela maior parte da receita do PicPay, mas o marketplace de serviços financeiros e a loja - que vende todo tipo de produtos - devem acelerar a expansão no médio prazo e ganhar mais relevância nos resultados. O modelo é de plataforma aberta, disse. “Começamos a oferecer crédito pessoal em parceria com o Banco Original [que faz parte da mesma holding] porque era mais fácil, as APIs já estavam prontas, mas estamos integrando outros dois parceiros e em negociações com mais sete”, disse.
Por enquanto, nada muda para os usuários do PicPay e do Guiabolso. Os aplicativos continuarão operando de forma separada, mas em breve haverá novos recursos e sinergias, segundo os executivos.