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Itaú prevê expansão maior do crédito no ano

Fonte: Valor Econômico - 04/08/2021 às 11h08

O Itaú Unibanco está otimista com a economia e o avanço da vacinação, e já prevê um ano mais forte para o crédito. O banco revisou para cima as projeções para o crescimento da carteira e para baixo as estimativas para o custo do crédito, o que significa que vê um ambiente com menos risco. Ainda assim, a decisão de deixar inalterada a perspectiva para a margem com clientes intrigou os analistas.
 
A expectativa para a carteira de crédito agora é de 12,5% a 15,5% neste ano - o novo piso era o teto da projeção anterior. Já a previsão para o custo do crédito, que inclui despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD), passou para R$ 17 bilhões a R$ 20 bilhões, ante R$ 19 bilhões a R$ 22 bilhões anteriormente. Na primeira metade deste ano, esse volume foi de R$ 8,8 bilhões. Ainda assim, o Itaú segue projetando crescimento de 3% a 7% para a margem com clientes, que reflete as operações de crédito. De janeiro a junho, houve queda de 1,6% no indicador.
 
“A gente poderia ter feito uma alteração cosmética no ‘guidance’ da margem, mas não era necessário, porque mesmo com a nova expectativa para a carteira a margem deve continuar dentro da faixa, mais perto do topo”, afirmou o presidente do Itaú, Milton Maluhy.
 
Segundo ele, no ano passado a carteira de atacado cresceu muito mais do que a de varejo. Isso começou a mudar no fim de 2020, mas com mais força no início deste ano, com o avanço de linhas com garantia para pessoa física, com financiamento imobiliário e crédito para veículos. Agora, no fim do segundo trimestre, começaram a crescer de maneira mais forte as linhas sem garantia, que têm juros maiores, como cartão de crédito e cheque especial. “A perspectiva para a margem é muito positiva para o segundo semestre”, afirmou.
 
Ele acredita que o mercado deve recompor os spreads em linhas de crédito para pessoa física com garantia, em função da alta nas taxas longas de juros. Nas linhas sem garantia, ele disse que mesmo com uma maior competição, não vê uma pressão de redução dos spreads. A margem financeira do Itaú com clientes, na operação brasileira, passou de 10,2% no segundo trimestre de 2020 para 9,0% no terceiro, 8,6% no quarto, 8,5% no primeiro trimestre deste ano e subiu a 8,6% no segundo trimestre.
 
Para o Credit Suisse, os números do Itaú foram positivos e o papel continua sendo a principal escolha do banco de investimentos no setor financeiro brasileiro. “O forte crescimento do crédito em todas as linhas de consumo e no segmento de PMEs, somado ao início da retomada das linhas de crédito rotativo, nos deixa ainda mais confiantes em um ambiente de forte receita para o Itaú, com a margem com o cliente acelerando ainda mais no segundo semestre”. Os analistas do Goldman Sachs afirmam que o ponto médio do novo guidance do Itaú implica um lucro de R$ 27,1 bilhões em 2021, o que representaria uma alta anual de 46% e 10% acima do ponto médio do guidance anterior.
 
Sobre a economia, Maluhy explicou que antes o Itaú via o PIB crescendo a 4% este ano “e no final do dia a economia se mostrou muito resiliente”. Contudo, a pressão inflacionária é a principal preocupação, segundo ele, e que pode exigir um aperto monetário mais forte. A previsão é que taxa Selic feche em 7,5% neste ano. Este é um dos fatores que devem colaborar para que o PIB desacelere para 2% o ano que vem.
 
Outro ponto abordado por Maluhy foi a reforma tributária. Na visão do executivo, a proposta vai na direção correta, mas ele disse que é preciso se pensar em modelos de transição para alguns pontos, porque eles têm efeitos relevantes no curto prazo. Entre esses pontos está um eventual fim da dedutibilidade dos juros sobre capital próprio (JCP). O outro é uma possível redução na alíquota de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica.
 
Apesar de isso ser bom no longo prazo, ele explicou que, se essa mudança de fato ocorrer, os bancos terão de fazer uma reavaliação dos seus créditos tributários, o que vai gerar um impairment. “Isso vai gerar uma despesa muito grande, que afeta logo na partida, gera um consumo de capital”, afirmou. Segundo ele, a estimativa é que isso teria um impacto no sistema financeiro de R$ 50 bilhões, o que, considerando a capacidade de alavancagem, poderia impactar o crédito em quase R$ 500 bilhões.
 
Ele também falou sobre a chamada assimetria regulatória entre bancos e fintechs. Para o executivo, não se trata de um “chororô organizado” e sim uma “discussão técnica. “O problema não é as fintechs terem regras proporcionais, em função do risco. O que eu não concordo é players relevantes operando com assimetria em relação a incumbentes.”

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