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Clipping
Ferramentas de crédito crescem e se diversificam

Fonte: Valor Econômico - 17/05/2021 às 10h05
O surgimento ou aperfeiçoamento de ferramentas inovadoras para financiar os investimentos de impacto socioambiental é uma tendência da pandemia. Um desses instrumentos é o chamado “blended finance”, uma arquitetura financeira usada para alavancar investimentos sociais com efeitos positivos de longo prazo. O mecanismo combina recursos da filantropia, de agências multilaterais ou de fomento e dos governos com o capital dos investidores tradicionais. Desta forma, reduz o risco e potencializa os negócios que estimulem ações sociais atreladas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU).
 
Segundo Marcel Fukayama, sócio do Grupo Anga&Din4mo, um dos pioneiros na promoção do blended finance no Brasil, esse tipo de instrumento financeiro já vem sendo muito trabalhado nos EUA e é incentivado pela OCDE dentro da agenda do desenvolvimento sustentável. “No Brasil temos visto uma evolução que pode ser determinante tanto para os financiamentos de ações de enfrentamento à covid quanto para a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, afirma. Ele se refere ao plano de metas assinado pelos membros da ONU em 2015 estabelecendo os 17 ODS. 
 
Um exemplo de blended finance é o CoVida20, um fundo filantrópico criado durante a pandemia para financiar pequenos negócios e promover renda. O fundo levantou R$ 6,74 milhões, para 47 pequenos negócios que beneficiaram até agora 772 pessoas. Um dele é o Moradigna, que dá crédito para reformas em casas nas periferias de São Paulo e Rio de Janeiro. 
 
Os investidores do CoVida20 podem ser institutos, fundações, empresas e indivíduos que querem incentivar pequenos empreendimentos afetados pela crise. Os recursos viram empréstimos a juros de 0,5% ao mês e prazo de até 60 meses. À medida que as parcelas vão sendo pagas, o capital retorna ao fundo, podendo beneficiar outros negócios de impacto, criando um círculo vicioso.
 
“O total de R$ 6,74 milhões parece pouco, mas o que mais importa é o novo conceito de financiamento, que usa recurso filantrópico e do investidor comum para mitigar o risco sistêmico envolvido em toda a operação, ampliando o impacto e a escala desses investimentos”, explica Fukayama.
 
A gestão profissional desses fundos filantrópicos é outra evolução patente observada a partir de 2020 e que segue em ascensão. A principal gestora de fundos filantrópicos do país hoje é a Sitawi Finanças do Bem, que mobilizou R$ 135 milhões em capital para ações de impacto socioambiental em 2020, nove vezes mais que os R$ 15 milhões captados em 2019. O faturamento subiu de R$ 6 milhões para R$ 10 milhões e a equipe cresceu de 45 para 85 colaboradores. “Nossas metas de 2025 foram atingidas no final de 2020, começo de 2021. Foi um amadurecimento forçado, mas tínhamos bases sólidas para lidar bem com esse crescimento”, afirma Leonardo Letelier, fundador e CEO da Sitawi.
 
A Sitawi é uma organização sem fins lucrativos que empresta recursos de fundos patrimoniais a juros baixos e com pouca burocracia para empreendedores com boas causas socioambientais. Segundo Letelier, o trabalho feito nos últimos 12 anos fundamentou esse avanço. “Vínhamos catequizando o mercado há muito tempo, até que veio a pandemia. De repente, pessoas disseram: ah, agora eu entendi.”
 
Os investimentos de impacto social crescem no mundo todo também em resposta à agenda ESG, da sigla em inglês que indica a adoção de boas práticas socioambientais e de governança. Segundo o Global Impact Investing Network (GIIN), o mercado movimentou em 2019 (dados mais recente disponível) um total de US$ 715 bilhões, um aumento de 42% sobre 2018.

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