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Clipping
Dólar fecha em queda com atuação de exportadores e “hedge” no mercado futuro

Fonte: IstoÉ - 27/05/2021 às 11h05

O dólar fechou em queda nesta quarta-feira, ficando no meio do caminho entre a máxima e a mínima da sessão, com o real chegando a figurar entre os melhores desempenhos globais na sessão beneficiado por fluxo de exportadores.
 
O dólar à vista caiu 0,48%, a 5,3127 reais na venda. Operadores comentaram sobre ingressos de recursos de exportadores até então estacionados no exterior. Esse movimento tem ocorrido nas últimas semanas, mas segundo relatos acelerou nos últimos dias, em meio à percepção de melhor custo de oportunidade de internalizar o capital conforme se multiplicaram mais recentemente relatórios de revisão de alta para a taxa básica de juros.
 
A chamada Selic está em 3,75% ao ano, bem acima dos 2% que vigoraram até março. A queda monumental dessa taxa –de mais de 10% até julho de 2017 para a mínima histórica de 2% em agosto de 2020– e o consequente empurrão da taxa de juros real para terreno negativo desestimularam exportadores a trazer suas receitas em moeda forte ao Brasil, devido ao risco maior com menor rentabilidade em comparação a outras opções no mundo –sobretudo num ambiente de fortalecimento do dólar.
 
No pico intradiário, alcançado por volta de 10h30, a cotação foi a 5,3423 reais (+0,07%). Na mínima, atingida pouco menos de duas horas depois, tocou 5,2872 reais (-0,96%).
 
Mas o início do ciclo de normalização monetária no Brasil, em março, começou a mudar essa dinâmica. A isso somaram-se o rali dos preços das commodities –que ganhou nova pernada em abril– e os volumes recordes de exportação pelo país nos últimos meses, com destaque para soja e minério de ferro.
 
“O que acontece é que o efeito prêmio está dominando o da Selic no cupom cambial”, disse um profissional da área de câmbio de um banco estrangeiro. Ele explicou que o cupom cambial é a taxa Selic menos variação cambial mais prêmio de risco. “Com a volatilidade menor, o prêmio caiu tanto que a alta da Selic não compensou”, o que resultou na forte queda na taxa do cupom.
 
O desdobramento disso é que exportadores voltaram a internalizar recursos. Esses players vendem dólares aos bancos, que, para mitigar o risco câmbio, entram no mercado futuro de câmbio na ponta vendedora de moeda. Esse grande fluxo de venda no mercado físico e no futuro baixou o dólar nesta quarta e tem pressionado a moeda nas últimas sessões.
 
Uma medida da fartura de liquidez é o cupom cambial –uma espécie de taxa de juros em dólar. O FRA de cupom cambial de segundo vencimento na B3 chegou ao fim da tarde em 0,32% ao ano, menor patamar desde junho de 2014.
 
No mercado de casado –um cupom cambial de curtíssimo prazo–, a taxa chegou a ficar negativa, indicando mais venda de dólar no mercado futuro do que no à vista, sinal de forte atuação de players em busca de “hedge” na B3 em antecipação a volumosos ingressos de recursos no mercado spot.
 
A combinação entre normalização de juros (o que elevaria a atratividade do real para operações com arbitragem de taxas) e o fortalecimento das matérias-primas –e por conseguinte dos termos de troca– tem estado presente em estudos de analistas prevendo cenário melhor para a taxa de câmbio, que seria beneficiada pela maior atração de recursos.
 
O Banco Central divulgou mais cedo que o Brasil registrou superávit em conta corrente de 5,663 bilhões de dólares em abril, com projeção de novo salto positivo de 3,6 bilhões de dólares em maio. Isso evidencia a sobra de dólares no país, que, segundo os analistas, vai exercer maior pressão de baixa sobre a moeda norte-americana.
 
“Os resultados divulgados já para maio indicam mais um mês de um forte superávit em conta corrente e reforçam nossa expectativa de saldo positivo em conta corrente neste ano (de 0,1% do PIB em 2021), o primeiro desde 2007”, disseram em relatório Solange Srour e Lucas Vilela, do Credit Suisse.

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