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Desemprego sobe para 14,7% no 1º trimestre e atinge recorde de 14,8 milhões de brasileiros

Fonte: G1 - 28/05/2021 às 12h05

Fonte: G1
 
O desemprego no Brasil atingiu a taxa recorde de 14,7% no 1º trimestre de 2021, em meio aos desafios impostos pela piora da pandemia no país, segundo divulgou nesta quinta-feira (27) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de desempregados também bateu um novo recorde, chegando a 14,8, milhões de pessoas.
 
"É a maior taxa e o maior contingente de desocupados de todos os trimestres da série histórica, iniciada em 2012", informou o IBGE.

O resultado representa uma alta de 6,3%, ou de mais 880 mil pessoas na fila por uma vaga de trabalho no país, na comparação com 4º trimestre de 2020. Em 1 ano, 1,956 milhão de pessoas entraram nas estatísticas do desemprego.
 
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em fevereiro, a taxa de desemprego estava em 14,4%, atingindo 14,4 milhões de brasileiros – número recorde até então.
 
Apesar dos novos recordes negativos, o resultado veio dentro do esperado. A mediana das previsões em pesquisa da Reuters era de que a taxa ficaria em 14,7% no trimestre encerrado em março.
 
"O primeiro trimestre de cada ano, como a gente já viu em outros anos, é um período de aumento da desocupação. Ou seja, não é um movimento específico deste ano, mas um comportamento relativamente esperado para este trimestre do ano. Mas, essa sazonalidade pode estar sendo aumentada pelos efeitos de 2020 sobre o mercado de trabalho", avaliou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.

Desalento atinge recorde

A população desalentada (quem desistiu de procurar uma oportunidade no mercado de trabalho) também atingiu patamar recorde, reunindo 6 milhões de pessoas, crescendo 25,1% ante o mesmo período de 2020. O percentual de desalentados na força de trabalho foi de 5,6%.
 
Ou seja, a taxa de desemprego só não é ainda maior no país porque muitos brasileiros desistiram de procurar uma ocupação.

Vale destacar que o IBGE considera como desempregado apenas o trabalhador que efetivamente procurou emprego nos últimos 30 dias anteriores à realização da pesquisa.
 
Falta trabalho para 33,2 milhões

O contingente de pessoas subutilizadas no país chegou a 33,2 milhões e também atingiu o recorde da série, com aumento de 3,7% (mais 1,2 milhão de pessoas) frente ao trimestre móvel anterior e de 20,2% (mais 5,6 milhões) na comparação anual. Já a taxa de subutilização ficou em 29,7%, contra 28,7% no trimestre anterior. Há 1 ano, estava em 24,4%.
 
O contingente classificado pelo IBGE como trabalhadores subutilizados reúne, além dos desempregados, os desalentados, aqueles que estão subocupados (trabalham menos de 40 horas semanais), e os que poderiam estar ocupados, mas não trabalham por motivos diversos.
 
No 1º trimestre, estavam nessa condição:
 
- 14,8 milhões de desempregados: pessoas que não trabalham, mas procuraram empregos nos últimos 30 dias (no 1º trimestre, eram 13,7 milhões);
- 7 milhões de subocupados: pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais;
- 11,4 milhões de pessoas que poderiam trabalhar, mas não trabalham (força de trabalho potencial): grupo que inclui 6 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego) e outras 5,4 milhões que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum motivo, como mulheres que deixam o emprego para cuidar os filhos.
- Comércio é setor que mais perdeu vagas
- Na análise por grupamento de atividade, o comércio é o que mais perdeu postos de trabalho na comparação com o 1º trimestre de 2020: queda de 9,4%, ou menos 1,6 milhão de pessoas. A única alta foi em Agricultura (4% ou mais 329 mil pessoas).
 
Na quarta-feira, o Ministério a Economia divulgou que a economia brasileira gerou 120.935 empregos com carteira assinada em abril, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Esse foi o menor saldo positivo mensal registrado em 2021.
 
Economistas avaliam que uma melhora no mercado de trabalho só deverá ser mais visível a partir o segundo semestre, e condicionada ao avanço da vacinação e uma recuperação mais firme do setor de serviços – o que mais emprega no país e o mais afetados pelas medidas de restrição para conter o avanço do coronavírus.
 
Para Rodolfo Morgato, economista da XP, a população ocupada só deverá retornar aos níveis pré-pandemia ao final de 2022.
 
"Esperamos que os indicadores de mercado de trabalho acompanhados pela PNAD exibam sinais de melhoria consistente – embora a um ritmo moderado – ao longo dos próximos meses, partindo da premissa (fundamental) de que o processo de reabertura econômica não sofrerá revezes significativos no curto prazo", avaliou.

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