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Brasil continuará com economia 'bipolar' em 2022, mesmo com avanço do PIB

Fonte: Exame - 11/06/2021 às 11h06

Fonte: Exame
 
A economia brasileira deverá zerar em 2021 as perdas de atividade causadas pela pandemia do coronavírus. Apesar de estimativas de um avanço do PIB de, pelo menos, 4% ao ano, o crescimento que acompanhará o país no ano que vem deve seguir desigual, mantendo o setimento de uma economia "bipolar", com prosperidade de alguns setores, como o agronegócio, e dificuldade de outros com o aumento da desigualdade e do desemprego. A avaliação é do economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio Vale.
 
As previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano têm sido ajustadas para cima depois da divulgação da atividade econômica do Brasil pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no primeiro trimestre, que veio com crescimento de 1,2%, acima do esperado.
 
O economista pontua que os dados de atividades, como o varejo, em abril, que foi o mês com o maior impacto das medidas de contenção da segunda da covid-19, apontam para um segundo trimestre também melhor do que anteriormente esperado. "Nessa trajetória sinalizada no primeiro semestre, eu diria que a gente consegue neste ano entregar tudo o que se perdeu no ano passado, está caminhando para isso", avalia.
 
Com a alta dos preços da commodities, a agropecuária foi a atividade que mais cresceu no primeiro trimestre.
Ao mesmo tempo, o Brasil registrou no primeiro trimestre o recorde de desemprego da série histórica iniciada em 2012. A situação atingia 14,7 milhões de pessoas ao fim dos três primeiros meses do ano.
 
Mesmo com a previsão de retomada dos demais setores da economia até o final do ano, Vale acredita que o país deva entrar em 2022 ainda com a dicotomia.
 
"Os Estados que estão tendo forte crescimento de PIB agora são justamente os da fronteira agrícola, do centro-oeste, do interior do país", afirmou. "São Estados que têm cerca de 70% da sua economia dependendo do agronegócio. Há um estímulo forte nesse setor que acaba se espalhando para o resto das economias nessas regiões. Então a agricultura e as commodities vão dar um tom importante especialmente nessas regiões em 2022", avalia.
 
"O problema é justamente a outra parte. Há uma economia que está muito bem nessa questão das commodities, e há uma economia 'tradicional' que está muito mal."
 
Além do desemprego, que afeta 14,7% da população e se soma a um contingente adicional de 5,9% de desalentados, que desistiram de procurar emprego, e outros 30% de subocupados, o país seguirá enfrentando uma inflação elevada. A alta de preços, que foi a maior em 25 anos em maio, deve afetar principalmente a população de baixa renda.
 
"Há uma pressão muito maior justamente em cima de quem é mais pobre, porque os preços que estão subindo com mais intensidade são justamente aqueles dentro da cesta básica do consumidor mais pobre", ressalta.
 
Ampliação de auxílio e transferência de renda
 
Diante da situação, o economista afirma que o debate sobre a ampliação de benefícios sociais e transferência de renda será incontornável. O governo federal já sinalizou que pretende lançar um programa de renda que amplie os benefícios fornecidos hoje principalmente pelo Bolsa Família. Até lá, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou a extensão do auxílio emergencial até setembro a R$ 250 reais por mês.
 
"O papel do Estado hoje vai ter cada vez mais esse foco de ajudar a população e renda básica é um desses elementos. Essa discussão é incortonável", afirmou.
 
Na visão de Vale, o governo deverá encontrar espaço no Orçamento do ano que vem para lançar um aumento de benefícios. A questão foi a principal dificuldade encontrada para o avanço da discussão no Planalto no ano passado.
 
O orçamento de 2022 terá um espaço de cerca de 100 bilhões de reais além do que teve o deste ano, que foi o centro de uma disputa por recursos que o governo havia destinado a emendas parlamentares.
 
Como a regra do teto de gastos define o limite para o ano seguinte com base na inflação de meados da metade do ano anterior, o governo deverá se beneficiar da alta inflacionária atual, que em maio, no acumulado de 12 meses, chegou a 8,03%.

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