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Clipping
Bancos projetam que até 60 IPOs podem movimentar R$ 100 bi no ano

Fonte: Folha de S. Paulo - 07/06/2021 às 10h06

Fonte: Folha de S. Paulo
 
Os IPOs (ofertas iniciais de ações, na sigla em inglês) podem somar R$ 100 bilhões neste ano, com 60 operações, e encostar no recorde de 2007, de acordo com previsão do Santander. Naquele ano, foram 64 aberturas de capital, que somaram R$ 55,6 bilhões —o equivalente hoje a R$ 116,7 bilhões corrigidos pelo IPCA.
 
O Itaú BBA, por sua vez, espera de 40 a 60 IPOs, que poderiam captar entre R$ 60 bilhões e R$ 90 bilhões.

Segundo analistas, junho abre uma importante janela para ofertas, que se estende até o início de agosto.
 
Nela, empresas visam aproveitar os bons dados econômicos divulgados recentemente, como o PIB do começo de 2021 melhor do que o esperado, além da queda do dólar, hoje a R$ 5,04, e do recorde nominal (sem contar a inflação) do Ibovespa, a 130 mil pontos.
 
Além disso, companhias que estreiam nos próximos meses utilizarão no prospecto para investidores dados do primeiro trimestre, período no qual a maior parte dos balanços superou as expectativas.
 
"A chance de os IPOs hoje serem bem-sucedidos é maior do que há uma semana. O apetite do investidor é maior. E as empresas devem aproveitar essa abertura de janela, que pode se fechar rapidamente", diz André Rosenblit, diretor da Santander Corretora.
 
Há ainda uma segunda janela entre setembro e outubro, utilizando os resultados do segundo trimestre, e uma última entre o fim de novembro e a primeira quinzena de dezembro, com números do terceiro trimestre.
 
Para as empresas que buscam ampliar o capital, é importante se listar enquanto os ventos são favoráveis.
 
À medida que os juros sobem —a previsão do mercado é de Selic a 5,75% ao fim do ano— e o Brasil se aproxima de 2022, o cenário fica mais propenso a aversão a risco, o que pode prejudicar as estreias, levando-as a captar menos que o esperado.
 
"O ano que vem será mais volátil, em razão da eleição presidencial. Então, as companhias em geral devem e deveriam acelerar esse processo [de listagem em Bolsa]", afirma Rafael Maisonnave, gestor da Tarpon Capital.
 
Fora que, por enquanto, com a Selic a 3,5% ao ano, investidores institucionais (fundos, empresas e bancos) e pessoas físicas alocam mais recursos que o usual na renda variável, o que beneficia o mercado de ações como um todo.
 
"O que vem beneficiando o mercado de capitais há quase dois anos é a taxa de juros, que se tornou negativa em 2020 [em relação à inflação] e ainda é muito baixa, apesar dos ajustes recentes e dos prováveis ajustes que ocorrerão até o fim do ano", diz Roderick Greenlees, chefe global de banco de investimento do Itaú BBA.
 
"O Brasil está em um momento muito positivo, com o investidor indo mais para o mercado dados o juro baixo, a educação financeira e as plataformas mais acessíveis, que reduzem o custo e aumentam a facilidade", afirma Rosenblit, do Santander.
 
Segundo dados da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), há 34 empresas na fila de entrada da Bolsa.
 
"É possível termos de dois a três IPOs por semana. São 6 milhões de empresas no país, e apenas cerca de 400 estão na Bolsa. O Brasil tem tudo para dobrar ou triplicar o número de companhias listadas, e percebemos que, cada vez mais, empresas menores entram no mercado de ações", afirma Rosenblit.
 
Segundo o executivo, empresas com o fluxo de caixa acima de R$ 100 milhões já conseguem acessar o mercado de capitais via listagem em Bolsa.
 
Dada a baixa representatividade do mercado acionário, empresas de tecnologia e saúde, que têm poucos pares na Bolsa de Valores estão entre as ofertas mais aguardadas, assim como infraestrutura e agronegócio, que também se beneficiam do atual ciclo econômico, de alta no preço das commodities e juros baixos.

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