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Imprensa
Demanda´por crédito rural está "forte" desde julho, diz Ministério

Apesar das queixas de produtores rurais de todo país de que a liberação de crédito para custeio agrícola está mais lenta e seletiva no início da nova safra 2015/16 — e em alguns casos, o crédito estar bem mais caro que em temporadas anteriores — , o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar, garantiu, em entrevista ao Valor, que a demanda por esses financiamentos está muito forte desde julho. E descartou a falta dos chamados recursos controlados, com juros subsidiados de 8,75% ao ano.

Na avaliação de Nassar, o perfil do tomador de crédito rural no Brasil mudou na temporada 2015/16, num cenário de custos de produção mais altos em dólar, em parte porque houve insuficiência de financiamento para o pré-custeio com recursos do Plano Safra no fim do ciclo passado e também porque já há muitos casos de agricultores refinanciando dívidas contraídas anteriormente.

Segundo ele, isso faz com que a demanda por crédito aumente, como já aconteceu em julho — as liberações cresceram 32% no mês na comparação com julho de 2014. E nos casos em que o produtor, geralmente médios e grandes, precisa ultrapassar o limite de financiamento individual de R$ 1,2 milhão, os bancos ofertem mais recursos a juros livres, normalmente praticados acima do patamar da taxa básica de juros Selic, que está em 14,25% ao ano.

O governo anunciou este ano R$ 187,7 bilhões para o Plano Safra 2015/16, dos quais R$ 149,5 bilhões para custeio — desse montante R$ 96,5 bilhões virão de recursos controlados e R$ 53 bilhões são recursos com juros livres.

Em julho deste ano, o volume de contratações de crédito rural com recursos controlados somou R$ 11,4 bilhões contra R$ 8,6 bilhões do mesmo mês de 2014, de acordo com dados do Banco Central. Desse montante, R$ 6,8 bilhões foram concedidos por bancos públicos e R$ 3,7 bilhões pelos privados. Já quando se consideram os financiamentos tomados com base em juros livres, os bancos liberaram R$ 1,03 bilhão nessa modalidade, contra R$ 298,2 milhões de julho de 2014, volume quase quatro vezes maior.

“Está mudando um pouco a forma de financiar o agronegócio. Antes era uma forma mais confortável, o crédito rural [com juro do Plano Safra] estava atendendo super bem, com Selic mais baixa, e o produtor precisava pegar menos recursos em trading. Agora isso já está mudando”, disse Nassar.

Mas, segundo o secretário, esse cenário “não acendeu nenhum farol vermelho para nós (governo), até porque nossa política de manter crédito com juro competitivo está mantida e também é muito cedo para falar em falta de recursos controlados”.Nassar disse, no entanto, que o que preocupa é “o financiamento da safra ficar mais caro para o produtor e isso pesar no fluxo de caixa dele, embora não haja nenhum sinal de que isso ainda é sério”.

No caso específico de exigência de garantias, como hipoteca de uma propriedade rural para a tomada do crédito que alguns bancos adotam, Nassar explicou que essas garantias valem menos em dólar hoje, por conta da desvalorização cambial. Essa situação, acrescentou, força os bancos a serem “mais exigentes” na hora de analisar as propostas de financiamento. Contudo, o secretário disse que essa realidade se refere a grandes clientes que normalmente demandam maiores volumes de crédito e não envolve os chamados recursos controlados do Plano Safra.

“Nesses casos, os bancos estão fazendo uma análise de crédito mais criteriosa, mas não é só por conta do câmbio, é todo o cenário de se captar dinheiro lá fora. Isso está ficando mais caro e assim o banco vai emprestar mais caro, o que o obriga a fazer análise de crédito mais detalhada que antes (...) Há uma tendência de o banco ser mais exigente”, afirmou.

O ritmo forte de contratação de financiamentos para agronegócio em julho tende a se repetir nos três primeiros meses da safra, principalmente em agosto, quando há a grande concentração e demanda por crédito para custeio agrícola no país. Nesse período, os produtores normalmente se preparam para o plantio da soja, que se dá a partir de setembro na região Centro Oeste e dita grande parte dos financiamentos tomados pela agricultura brasileira.



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