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Imprensa
GM e Mercedes engrossam demissões em montadoras

  Em apenas dois dias, a maior fabricante de veículos comerciais e a montadora da segunda marca de carros de passeio mais vendida do país anunciaram demissões porque ambas dizem não ter mais condições de segurar por mais tempo o excesso de mão de obra nas fábricas.

Primeiro, a Mercedes-Benz comunicou oficialmente o sindicato dos metalúrgicos, na sexta-feira, que terá que demitir em 1º de setembro um grande número de operários do parque industrial em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde a força de trabalho excedente é estimada em 2 mil trabalhadores, ou 20% do efetivo. No dia seguinte, funcionários da General Motors (GM) em São José dos Campos, no interior paulista, receberam avisos de demissão por telegrama.

Tanto na Mercedes como na GM, o número de operários atingidos ainda não é conhecido. Também nos dois casos, sindicalistas falam em greves contra as demissões.

Na montadora de caminhões, o tamanho do corte ainda vai depender de quantos funcionários aderirem ao programa de demissões voluntárias (PDV) a ser encerrado na sexta-feira. São oferecidos até R$ 65 mil em incentivo ao desligamento, mas, por enquanto, as adesões têm sido baixas.

Desde novembro de 2013, a indústria nacional de veículos, junto com as fábricas de tratores agrícolas, já eliminou 23,9 mil postos de trabalho o equivalente a 15% do quadro ocupado antes do ciclo de ajuste e os cortes não cessaram após o governo federal lançar um programa de proteção ao emprego, o PPE, para ajudar as empresas a atravessar a crise sem demitir. Pelo contrário, no mesmo dia em que o PPE foi anunciado (6 de julho), a GM começou a demitir entre 400 e 500 funcionários em sua outra fábrica de automóveis paulista, instalada na cidade de São Caetano do Sul, também no ABC.

No comunicado em que relata o esgotamento das medidas de flexibilização que vinham sendo usadas para gerenciar o excesso de mão de obra como banco de horas, licenças remuneradas, férias coletivas, seis PDVs neste ano e "layoffs" (suspensão temporária de contratos de trabalho) , a Mercedes disse estar disposta a adotar o PPE para evitar as demissões.

Adianta, porém, que só vai fazer isso se os trabalhadores aceitarem condições que já foram rejeitadas no dia 2 de julho, quando 74% de seus funcionários reprovaram uma proposta alinhada com o sindicato que, em troca da preservação dos empregos por mais um ano, previa diminuição da jornada de trabalho em 20%, com redução dos salários em 10%.

São termos próximos ao plano lançado quatro dias depois pelo governo federal, no qual a remuneração do trabalhador cai pela metade do corte das horas trabalhadas. No pacote, contudo, a Mercedes incluiu medidas de contenção de custos como a redução pela metade do reajuste salarial prometido para maio e o congelamento de promoções salariais.

Sérgio Nobre, secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e um dos principais dirigentes do sindicato dos metalúrgicos do ABC, diz que a entidade não pretende recolocar à votação o que já foi rejeitado pelos operários. O sindicalista vê, então, a realização de uma greve como o único caminho para impedir as demissões na Mercedes. No entanto, desde sexta-feira, os empregados da produção estão afastados em licença remunerada e a fábrica permanecerá completamente parada até o fim da semana que vem.

Já em São José dos Campos, os trabalhadores votam hoje em assembleia na porta da fábrica da GM como vão protestar contra os novos cortes na montadora. Luiz Carlos Prates, secretário-geral do sindicato dos metalúrgicos da região, adianta que a entidade vai propor a realização de uma greve por tempo indeterminado.

Ontem, em assembleia na sede do sindicato, os metalúrgicos decidiram iniciar uma "forte mobilização" para reverter as demissões e pressionar a GM a negociar alternativas. Participaram da reunião cerca de 250 pessoas: a maioria, trabalhadores da linha de produção da picape S10 e da fábrica de motores do complexo. O sindicato estima que o total de demitidos possa ser superior a esse número.

A entidade que representa os funcionários da GM afirma não ter sido procurada pela empresa antes das demissões e que os trabalhadores foram surpreendidos ao receber na véspera do dia dos pais o telegrama sobre o encerramento de seus contratos.

A GM se manifestou sobre o assunto em comunicado emitido no sábado, em que diz ter tomado a decisão após esgotar todas as alternativas para evitar demissões na unidade. "No entanto, essas medidas não foram suficientes diante da expressiva redução da demanda no mercado brasileiro, que registra queda em torno de 30% desde janeiro do ano passado", disse a montadora, acrescentando que as demissões têm o objetivo de adequar o efetivo à realidade do mercado, com vista à competitividade e viabilidade do negócio.




     


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