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Imprensa
Hora de mudar o modelo econômico

Para o economista Raul Velloso, o momento é ideal para o País ter a coragem de mudar e não continuar fazendo meros remendos

Após mais uma etapa do profundo e nada indolor ajuste das contas públicas, na semana passada, a pergunta que não quer calar é se existe possibilidade de o Brasil encontrar um final feliz para o "filme de terror sem fim", como o jornal britânico Financial Times definiu a situação do País. Para o economista Raul Velloso, o momento é ideal para o País ter a coragem de mudar - e não continuar fazendo meros remendos - o modelo de crescimento: não mais pelo consumo e sim pela expansão dos investimentos. E, atualmente, é a hora e a vez de deslanchar as concessões de empreendimentos em infraestrutura (portos, aeroportos, rodovias, ferrovias).

 

Depois do ajuste fiscal...

"Os fatores que impulsionaram o consumo no início do governo Lula, com economia crescendo e resolvendo a situação das contas públicas, não existem mais. E a presidente Dilma teve a coragem de admitir isso e começar a mudança que deveria ter feito em seu primeiro mandato. Hoje, a economia vai crescer se houver estímulo aos investimentos, com as medidas corretas, na área das concessões. Sem falar no ajuste das exportações que poderá ocorrer à medida que a taxa de câmbio se deprecie em termos reais, e os custos da mão de obra se reduzam", avalia Velloso.

 

...o passo para o investimento

Segundo Raul Velloso, o governo Lula começou em momento em que se completava um ciclo de ajustes empreendido pelo Plano Real até o final do segundo mandato do FHC e coincidiu com o boom da economia mundial. "Aquele contexto era o ideal para pôr em prática um modelo voltado para o consumo, beneficiado pelo avanço da demanda mundial de commodities", diz. Puxada também pelo gasto público, a economia andou melhor, incrementando a arrecadação tributária. Isso fez o PIB sair de crescimento médio anual de 2,7% (1994 a 2002) para 4,5% (2003-2008).

 

Abandonar o 'vício' pró-consumo

Ainda de acordo com Raul Velloso, o governo do PT ficou "viciado" nisso. "Não teria maiores problemas, mas veio a crise mundial de 2009 e a economia global desacelerou. Ali, o governo do PT decidiu manter os estímulos ao consumo, o que fez sentido. A situação fiscal era confortável, o consumo em alta e aumento da arrecadação. Era chuchu beleza. A presidente Dilma pensou em fazer o mesmo, mas o cenário externo não era mais tão favorável, pois o boom das commodities estava esgotado e os fatores internos de impulsão do modelo pró-consumo estavam se esgotando.

 

Transformar crise em oportunidade

Segundo o especialista em finanças públicas, "o PT não percebeu o enfraquecimento dos fatores que antes haviam impulsionado a economia". Era a oportunidade para pensar um modelo de desenvolvimento. Mas o boom chinês colocou ao País - e para o governo de plantão - um modelo complementar. Com a economia funcionando a plena capacidade, apareceu a inflação e a queda no desempenho do PIB. "O comportamento dos preços é outra forma de ver o esgotamento desse modelo. Seria necessário dar uma guinada em favor do investimento para o País voltar a crescer."

 

Liliana Lavoratti é editora de fechamento do DCI



     


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