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Imprensa
Mercado tem ignorado risco inflacionário

Embora a inflação tenha sido "um cão que nem ladrou" nos últimos anos, apesar dos enormes estímulos concedidos pelos bancos centrais globais, talvez um simples ganido baste para agitar os investidores.

Tal é a advertência de alguns economistas que estão começando a questionar se os mercados financeiros estão subestimando a ameaça de uma alta dos preços entre os países desenvolvidos.

O Morgan Stanley já está declarando que a inflação global chegou a um ponto de inflexão e vai acelerar das taxas quase zeradas registradas no começo deste ano. A Pacific Investment Management Co. (Pimco) tem recomendado comprar dívida atrelada à inflação.

Embora poucas pessoas se é que alguma prevejam a possibilidade de aquecimento semelhante ao da década de 1970 ou até mesmo um valor muito superior à taxa de 2% visada pela maioria dos responsáveis pela condução da política econômica, está se formando a ideia de que o recente choque deflacionário e o subsequente período de inflação baixa tornaram os investidores complacentes com o tema. Uma pequena alta da inflação poderia ser suficiente para assustá-los.

"Passar de, digamos, 0,5% para até mesmo 2%, quanto mais 3% ou 4%, seria uma mudança enorme", diz Pippa Malmgren, fundadora da DRPM Group, com sede em Londres, e ex-assessora do presidente americano George W. Bush. "Seria um acontecimento sério para o público e para os mercados", afirma.

Também seria uma surpresa para os banqueiros centrais. Embora a presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Janet Yellen, e o presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, tenham sedimentado na semana passada a intenção de elevar as taxas de juros em um futuro não muito distante, essas autoridades continuam dizendo que vão fazer isso gradativamente quando a hora chegar. A inflação no Reino Unido não sofreu alterações em junho.

Em outros lugares, o Banco do Japão cortou sua previsão de inflação e dados mostraram que os índices de preços ao consumidor na zona do euro aumentaram apenas 0,2% em junho. O banco central do Canadá chegou a reduzir as taxas de juros.

No entanto, mesmo sustentando que é improvável que a taxa de inflação retorne à meta nos Estados Unidos, no Japão, na zona do euro ou no Reino Unido antes de 2017, Mark Schofield, estrategista do Citigroup, diz que não seria necessária uma grande pressão sobre os preços para agitar os mercados.

Mesmo que tradicionalmente uma taxa mundial de inflação de 4% a 5% fosse o bastante para assustar os mercados, uma de 2% a 3% na era pós-crise "provavelmente" seria suficiente para "inquietar os investidores de forma considerável", disse ele, em um relatório recente para clientes.

Isso poderia se tornar realidade caso o crescimento dos Estados Unidos se recupere depois da fraqueza observada no primeiro trimestre e caso outras economias avançadas acelerem seu ritmo de expansão diante da diminuição dos ventos contrários tributários, disse ele.

Entre outros caminhos estão um ajuste do mercado de trabalho que traga pressão para aumento de salários e uma recuperação dos preços das commodities. É possível que os bancos centrais permitam que a inflação supere suas metas para compensar a época em que ficaram aquém.

"A inflação poderia surpreender por ser mais alta do que o esperado", diz Manoj Pradhan, economista do Morgan Stanley, em um relatório. "Essas surpresas poderiam bastar para perturbar o caminho tranquilo que os bancos centrais e muitos investidores parecem ter em mente", afirma Pradhan.



 


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