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Imprensa
Mercado cogita alta menor da Selic

Depois de surpreender o mercado financeiro com um discurso mais severo do que o esperado, o Banco Central (BC) parece estar fazendo o caminho inverso, desinflando expectativas de aumento mais forte da Selic alimentadas semanas atrás. Essa mudança fica evidente quando se observa nos contratos futuros de juros as mudanças de projeções ao sabor das variações de discurso da autoridade.

Nos cálculos de profissionais da gestora Quantitas, tomando como referência o DI setembro de 2015 primeiro a ser liquidado após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do dia 29 , o mercado projeta em torno de 35% de probabilidade de um aumento de 0,50 ponto percentual da Selic neste mês. No fim de junho, essa conta estava em 77%. Ou seja, cresceu a aposta de que o BC elevará o juro básico em apenas 0,25 ponto no próximo encontro de política monetária.

A pedido do Valor, um operador também fez os cálculos, mas preferiu tomar como base o contrato de DI outubro de 2015, o mais líquido. A precificação muda, porque também inclui a probabilidade para a decisão da Selic de setembro, mas segue indicando um reforço de posições por uma elevação menor do juro. Nas contas desse profissional, a curva embute 70% de probabilidade de um aumento de 0,50 ponto percentual da Selic no encontro do Copom dos próximos dias 28 e 29 e estabilidade em setembro. No fim de junho, o mercado de juros não só projetava 100% de chance de um acréscimo de 0,50 ponto da Selic como considerava com mais firmeza uma alta de 0,25 ponto do juro na reunião de setembro.

Para analistas, a série de indicadores econômicos mais fracos tem tido importante peso nessa mudança de expectativa. Mas eles consideram que o recente discurso mais "suave" de autoridades do BC, inclusive do presidente Alexandre Tombini, exerceu influência ainda mais forte nessa recalibragem.

No fim de junho, o diretor de assuntos internacionais do banco, Tony Volpon, afirmou em teleconferência com economistas que o aperto monetário não está "mecanicamente focado em colocar a inflação em 4,5% em 2016 nas suas projeções oficiais". No começo de julho, foi a vez de Tombini adotar um tom mais brando. Em evento em São Paulo, o presidente do BC reiterou que o objetivo da autoridade monetária é assegurar a convergência da inflação ao centro da meta em 2016, mas destacou melhora sensível na inflação em horizontes além de 2015.

A economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, revisou recentemente sua expectativa de aumento de juros para 0,25 ponto percentual, de estimativa anterior de 0,50 ponto.

A leitura geral é que o BC pode indicar uma alta menor da Selic e mesmo o fim do ciclo de aperto monetário sem prejuízos à credibilidade conquistada, contanto que deixe claro os motivos para isso e esteja baseado em cenários considerados realistas pelo mercado.

Ainda assim, há uma ala que vê riscos de ruídos caso o BC sinalize claramente o fim do ciclo de aperto após o encontro do Copom de 28 e 29 de julho. "O ganho do lado estratégico de deixar ainda aberta a porta para mais alta do juro seria muito maior para o BC do que para a economia no caso de haver uma redução do ritmo de alta agora", diz o economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Alves Melo.

Já o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, considera que a redução das apostas em um aperto monetário mais firme faz sentido no ambiente de recessão pelo qual o país passa agora. Por isso, uma sinalização mais clara do BC quanto ao fim do ciclo não causaria ruídos no mercado, também porque as projeções de inflação para os próximos anos já estão caindo.





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