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Imprensa
Contra os calotes, bancos diminuem taxa de aprovação e limite de crédito

As instituições financeiras subiram a 'nota de corte' dos clientes, dificultando o acesso ao crédito; inadimplência aumenta mais no setor não financeiro, mas bancos já estão sentindo os calotes

São Paulo - Para controlar o volume de calotes e as perdas decorrentes deles, em meio à crise econômica, os bancos diminuíram a quantidade de empréstimos aprovados e o limite do crédito concedido aos clientes.

A chamada "seletividade" das instituições financeiras, da qual se tem comentado no mercado e que fez com que a inadimplência se mantivesse controlada até o início deste ano, vem principalmente dessas duas premissas.

Na avaliação de crédito, seja para um consumidor ou uma empresa, o banco pondera uma série de variáveis - como idade, renda e nível de endividamento -, cada uma com um peso diferente, e dá uma nota ao cliente, dependendo do risco que ele apresenta. A partir dessa avaliação, a instituição financeira também define o volume máximo de empréstimo que esse cliente poderá tomar.

"Os bancos e as financeiras estão aumentando a 'nota de corte'", explicou Christian Vincent, diretor da consultoria de riscos GoOn Risk. "Se antes uma pessoa com uma nota 70, por exemplo, tinha o crédito aprovado, hoje, com as mesmas configurações, ela não o tem", completou.

De acordo com Vincent, a variável que mais costuma pesar, principalmente diante do cenário atual, é o tempo de relacionamento do cliente com a instituição financeira.

"O perfil do público que está chegando hoje para pedir crédito é totalmente diferente de dois anos atrás. Ele está mais endividado, ganhando menos e com maior risco", apontou.

Além de aprovarem empréstimos para um número menor de clientes, os bancos também estão reduzindo o limite desses créditos - ou seja, se antes o consumidor pegava até R$ 20 mil emprestado com a instituição, por exemplo, hoje ele consegue apenas R$ 15 mil.

Vincent afirmou que a relação entre taxa de aprovação e limite de crédito varia de acordo com o produto do banco e a estratégia da empresa. "Algumas financeiras tem uma taxa de aprovação mais alta, mas dão um limite menor, e outras aprovam menos, mas dão um volume maior de crédito".

Estratégias

Miguel de Oliveira, diretor de estudos e pesquisas econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), apontou que, em cenário de incerteza econômica, o banco consegue avaliar o passado e o presente do cliente, mas não o futuro, o que pressiona os riscos.

"Os bancos estão mais atentos ao ramo de atividade do cliente", explicou. "Também estão olhando mais as garantias e o spread ['lucro' do empréstimo], para saber se tem margem maior ou mais estreita para errar na análise de risco", concluiu.

De acordo com ele, diante da quebra das empresas do empresário Eike Batista e da operação Lava Jato da Polícia Federal, as instituições financeiras estão mais preocupadas com a concentração de riscos.

"Os bancos sempre buscaram pulverizar os empréstimo, mas antes não precisavam se preocupar com alguns níveis de empresas, como a Petrobras, e agora precisam", disse.

Calotes

O indicador de inadimplência da Serasa Experian aponta que tanto a os calotes das empresas (alta de 10,4% em maio, na comparação com maio de 2014) quanto dos consumidores (alta de 13,6%, no período) estão crescendo puxados, principalmente, pelas instituições não financeiras.

Os calotes junto aos bancos, no entanto, estão aumentando e devem seguir essa tendência. "Pessoa jurídica começou a subir em janeiro e pessoa física em abril", observou Luiz Rabi, economista do Serasa.

Os indicadores de expectativa de inadimplência do birô de crédito apontam que os calotes dos consumidores seguirão crescendo nos próximos seis meses, enquanto os atrasos das empresas seguirão elevados, porém sem aceleração, podendo abrandar a partir da virada do terceiro para o último trimestre deste ano.






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