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Imprensa
Medidas só garantem credito neste ano

A liberação de pouco mais de R$ 25 bilhões em novos recursos para operações de crédito imobiliário na semana passada vai servir para aliviar as pressões sobre a modalidade até o fim de 2015, abrindo a possibilidade de que a falta de crédito para habitação volte a rondar o país já em algum momento do ano que vem. Essa é a visão tanto de incorporadoras quanto de bancos ouvidos pelo Valor, que acreditam que o comportamento da demanda imobiliária será o fator determinante para a duração dos recursos liberados agora.

"É uma medida que vai garantir a oferta de crédito imobiliário para este ano. Com a oferta garantida, o desempenho do setor agora depende da demanda", afirma o presidente da Abecip, associação que reúne as empresas de crédito imobiliário, Octávio Lazari. A Abecip mantém a expectativa de que o crédito imobiliário encerre o ano com cerca de R$ 100 bilhões em novas operações desembolsadas até abril, foram concedidos R$ 33 bilhões.

Para Lazari, a solução mais estrutural do problema passa por uma redução na taxa básica de juros, que possa permitir que recursos captados pelos bancos no mercado possam ser usados para emprestar para o cliente em taxas competitivas. A questão, porém, é que a expectativa de economistas para 2016 ainda é de uma Selic ainda em níveis altos, ainda que com alguma queda em relação a 2015.

Caso sejam necessários mais recursos ao longo desse período, Lazari acredita que podem ser consideradas novas liberações no compulsório da poupança ou do caixa do FGTS.

Na semana passada, o governo liberou R$ 22,5 bilhões para aquisição de imóveis, que vieram na mudança do recolhimento compulsório da caderneta de poupança. Outros R$ 4,2 bilhões foram injetados pelo FGTS na linha de financiamento "prócotistas" (para compra de imóveis de até R$ 400 mil). O fundo do trabalhador também comprometeu mais R$ 1,5 bilhão para incentivar a construção civil.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Rubens Menin, o setor avalia que o valor ideal seriam R$ 50 bilhões, para que houvesse, de fato, tranquilidade até o fim do ano. "O governo demonstrou boa vontade com o setor", diz Menin. "Para a Abrainc, é vital que haja crédito para o mutuário. A produção é um processo passageiro. A compra de imóveis precisa de funding de longo prazo", afirmou.

Em nota, a Caixa Econômica Federal, principal banco da modalidade, afirmou que as medidas trarão efeito "expressivo" no financiamento de imóveis, destacando o impacto na comercialização do atual estoque de operações. O banco avalia que terá mais R$ 10 bilhões em crédito imobiliário para este ano.

A visão de Luiz França, conselheiro da Tecnisa e ex-presidente da Abecip, é que os recursos liberados agora vão durar até o fim do ano, considerando que o mercado deve ser mais fraco que 2014. Para França, o setor precisará agora discutir propostas para uma transição gradual para uma menor dependência de recursos da poupança. "O crédito imobiliário no Brasil precisará ser suportado com recursos de mercado, e não só do 'bolsão' de recursos da caderneta de poupança", afirma.

A velocidade de saques da poupança é outro fator vai influenciar na duração do estímulo concedido ao crédito habitacional. Nos quatro primeiros meses do ano, a caderneta registrou um resgate líquido de mais de R$ 30 bilhões em recursos. A Abecip espera que o ano encerre com saque de R$ 50 bilhões, ou seja, há alguma expectativa de recuperação na segunda metade do ano. Em maio, com dados até o dia 25, a caderneta registrava resgate líquido de R$ 7,8 bilhões. A manutenção da Selic em níveis elevados favorece um cenário de maior volume de resgates.



     


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