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Espaço para banco privado é restrito

 

 

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Espaço para banco privado é restrito

30/09/2013 às 00h00

Por Carolina Mandl e Felipe Marques | De São Paulo

Um eventual recuo dos bancos públicos daqui para a frente vai acabar deixando gente sem crédito. Na avaliação de três executivos de bancos privados ouvidos pelo Valor, embora pretendam retomar parte do espaço perdido no crédito a empresas, pouco deve mudar em sua baixa disposição de emprestar para pessoas com maior risco de inadimplência.

"As métricas de risco dos bancos privados não vão se alterar. Por isso, a consequência da retração das instituições públicas é que algumas pessoas vão ficar sem crédito", diz o executivo de um banco de varejo estrangeiro.

Os bancos privados são pouco propensos a replicar algumas táticas que os públicos usaram para fisgar a clientela. No crédito a veículos, as instituições oficiais chegam a fazer operações de 60 meses sem entrada, por exemplo. Também permitem que o cliente faça uma pausa no pagamento do empréstimo por certo tempo.

Em agosto, o estoque de crédito nos bancos públicos era de R$ 1,31 trilhão, enquanto o dos privados, tanto estrangeiros como nacionais, somava R$ 1,27 trilhão.

"Em certo ponto, os bancos públicos acabaram criando uma demanda que não existia. Quando alongam prazo, dão carência ou reduzem taxas, colocam no mercado pessoas que não estavam em busca de crédito", diz o vice-presidente de um banco de varejo.

No crédito a empresas, porém, os bancos privados acreditam que é possível ganhar parte do terreno perdido. Isso porque os bancos públicos, principalmente a Caixa Econômica Federal, vinham ofertando a grandes companhias, com boa qualidade de crédito, taxas abaixo daquelas em que os privados aceitavam competir. "O mercado deve ficar mais seletivo em relação ao preço das operações, em busca de maior rentabilidade. Isso deve gerar equilíbrio maior entre bancos públicos e privados", diz o diretor de um banco estrangeiro.

Nas linhas de capital de giro, que representam quase 30% do crédito a empresas, houve uma acentuada diferença entre o crescimento de públicos e privados. O estoque total da linha cresceu 11% nos 12 meses encerrados em junho. Nesse período, os públicos avançaram 34,9% ante recuo de 2,8% dos demais. Em dezembro de 2012, enquanto os bancos públicos emprestavam na linha com juros de 13,6% ao ano e 44,3 meses de prazo, em média, os privados nacionais cobravam 17,4% para 29,3 meses.

Já em relação ao BNDES, os banqueiros do setor privado dizem acreditar que uma eventual redução nos desembolsos para grandes empresas pode estimular a busca pelo mercado de capitais.

Por enquanto, nenhum banqueiro sentiu, porém, mudanças radicais no comportamento dos pares públicos, que mostraram leve desaceleração em agosto. A taxa de avanço em 12 meses do estoque desses bancos passou de 28,6% em julho para 28,1% em agosto. Os privados nacionais aceleraram de 5,2% para 5,4% na mesma comparação, e os estrangeiros foram de 6,2% para 7,3%. Ainda assim, os públicos responderam por mais de 80% da expansão do crédito no mês.

Se os bancos privados manifestam pouco apetite para assumir as rédeas deixadas pelos públicos, fica em xeque o avanço do crédito como um todo daqui para frente. "É difícil ver o crédito como fonte de aceleração do crescimento nos próximos meses", afirma a equipe de analistas do Brasil Plural, em relatório.

 

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