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BB manteve ritmo do crédito, mas tende a desacelerar

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 BB manteve ritmo do crédito, mas tende a desacelerar

 http://www.valor.com.br/financas/3201886/bb-manteve-ritmo-do-credito-mas-tende-desacelerar#ixzz2ZOl5TlH0

Por Karin Sato, Carolina Mandl e Vanessa Adachi | De São Paulo

 18/07/2013 às 00h00

Depois que os três grandes bancos privados, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil, já indicaram que neste ano suas atividades de crédito crescerão dentro de um cenário mais pessimista do que aquele inicialmente traçado para 2013, as atenções se voltam para o que farão os dois maiores bancos públicos do país, Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal, que têm sustentado o ritmo de expansão dos empréstimos no país, ao lado do BNDES.

O Banco do Brasil, apurou o Valor, manteve o ritmo médio de expansão no primeiro semestre do ano - embora possa ter desacelerado uma ou outra modalidade. A instituição fechou dezembro de 2012 com um crescimento de sua carteira em doze meses de 25%. O balanço do segundo trimestre a ser divulgado em agosto poderá apontar uma expansão em doze meses um ou, no máximo, dois pontos percentuais inferior apenas. O mês de junho teria sido mais forte do que maio, ajudando a puxar o número semestral.

 

O segundo semestre, entretanto, deverá ter outra cara. Na medida em que fica clara a dificuldade de reação da economia, a tendência é uma desaceleração dos desembolsos. Porque as famílias já estão bastante endividadas e porque as empresas não precisarão de recursos para crescer.

No início do ano, o BB divulgou uma projeção de expansão de sua carteira de crédito para 2013 entre 16% e 20%. O número final deverá ficar dentro desse intervalo. Mas, partindo de um crescimento de 23% a 24% de janeiro a junho, isso indica que o segundo semestre será bem mais lento.

Analistas já projetam uma expansão menor dos desembolsos dos bancos públicos, enquanto executivos de bancos privados relatam ter percebido menos agressividade por parte deles, principalmente o BB. A Caixa ainda continuaria em ritmo acelerado. Agora em junho, o Banco Central ampliou sua projeção para avanço do crédito de instituições públicas no ano, de 18% para 22%.

Em relatórios, Goldman Sachs e Bank of America (BofA) Merrill Lynch projetam que, depois de vir em uma escalada por seis trimestres consecutivos, o Banco do Brasil deve apresentar um ritmo de crescimento da carteira de crédito menos intenso já nos dados do segundo trimestre.

O BofA espera que o BB apresente em seu balanço encerrado em junho uma diminuição do crescimento do saldo de crédito de aproximadamente 25% para 21%, em relação ao mesmo período de 2012. Já o Goldman Sachs projeta um avanço de 22%, ao desconsiderar as operações no exterior.

Do último trimestre de 2011 ao primeiro deste ano, as variações da carteira de crédito do BB avançaram continuamente na comparação anual, passando de 15,56% para 24,4%, levando em conta apenas as operações no país e excluindo garantias.

Executivos de dois dos maiores bancos privados relatam que já sentiram no dia a dia que os bancos públicos, principalmente o Banco do Brasil, estão avançando a uma velocidade menos intensa naquelas linhas de crédito em que concorrem.

O BofA lembra que, devido à piora da economia global nos anos recentes, o governo brasileiro tentou impulsionar o consumo das famílias via um aumento da oferta de crédito dos bancos públicos. No entanto, a economia ainda está patinando, o que mostra que o antigo modelo de expansão da atividade econômica sustentada pelo crédito parece ter se esgotado.

Também é natural que os bancos públicos desacelerem o ritmo de empréstimos, pois o forte crescimento visto nos últimos trimestres é difícil de ser sustentado, apontam analistas.

No BB, a expansão da carteira de crédito também pode ser limitada pelo seu nível de capital, diz um relatório do Goldman Sachs. "Possivelmente, em nossa visão, o banco pode agilizar um potencial aumento de capital no início do ano que vem, em contraste com a declaração da diretoria, de que não precisará fazer aumento de capital até 2015", diz o texto.

Mas não é só isso. Entra na pauta a preocupação com a inflação. "Como controlá-la de forma mais rígida se os bancos públicos continuam concedendo crédito em ritmo acelerado?", questiona um executivo de um banco privado.

Um executivo de um grande banco privado do país avalia que haverá um movimento gradual, lento, de convergência entre as taxas de expansão de crédito de bancos públicos e privados. A distância entre a velocidade imposta por esses dois tipos de instituições ainda é bem grande.

Pelas projeções feitas no início do ano, a Caixa quer alcançar algo entre 33% e 35% de expansão (BB quer entre 16% e 20%). Já entre Itaú, Bradesco e Santander, as projeções vão de um máximo de 17% a um mínimo de 11%.

Para o analista do Goldman Sachs, Carlos Macedo, os bancos privados não devem ocupar o espaço deixado pelo BB e pela Caixa, principalmente no que diz respeito aos empréstimos para pessoas físicas. "O crédito dos privados não está crescendo muito, mas não porque os públicos não estão deixando, e sim porque não estão com apetite, diante do atual ambiente econômico", afirma Macedo. Em sua avaliação, a postura usual dos bancos privados é esperar a economia reagir para depois emprestar. Dessa forma, se houver desaceleração do crédito nos bancos públicos vai ter no sistema como um todo.

Os analistas do J.P. Morgan se mostram mais otimistas com relação aos bancos privados. Em relatório, dizem que a taxa de juros mais alta associada a, potencialmente, um recuo do crescimento dos empréstimos nos bancos públicos pode levar a um aumento de crédito entre os bancos privados, que hoje avançam menos de 10%.

Para os bancos privados, o benefício de uma concorrência menos acirrada pode vir de outras formas. Por meio, por exemplo, de uma nova fixação de preços dos empréstimos - o que pode resultar em spreads mais elevados.

 

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