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Cartão pré-pago abre espaço para avançar

 

Cartão pré-pago abre espaço para avançar

Por Felipe Marques | De São Paulo

 

MFS, ACG, Rêv e Acesso. Nenhum desses quatro nomes têm a força da marca de um Itaú Unibanco, Bradesco ou Credicard no mundo dos cartões. Mas são eles os principais candidatos a desbravadores do mercado de cartões pré-pagos para a população de baixa renda, com o lançamento dos primeiros exemplares da chamada "carteira digital". Esse tipo de cartão que promete substituir o dinheiro "vivo" em transações de menor valor e trazer para os meios eletrônicos de pagamentos quem ainda está ao largo do sistema financeiro.

Enquanto os grandes bancos dificilmente saíram da fase de planejamento, algumas dessas empresas já têm o pré-pago na mão dos primeiros clientes. O desafio agora é fazer fechar a conta dessa operação, em que as margens são pequenas e a escala é indispensável.

Entre os grandes bancos, só o Bradesco por enquanto mostrou um cronograma para os pré-pagos. Em parceria com a operadora de telefonia Claro, o banco lança o produto até o segundo trimestre de 2013. O cartão será vinculado a uma conta de celular da Claro (que pode ser pré ou pós-paga) e poderá ser carregado em agências do banco e lojas da operadora. A Caixa Econômica Federal também já relatou planos para o mercado, mas sem datas.

Um dos principais adversários do Bradesco no segmento promete ser a MFS, joint-venture entre dois nomes bem conhecidos em seus respectivos mercados: a operadora de telefonia Telefonica/Vivo e a Mastercard, de cartões. "Nosso grande concorrente é o dinheiro e o alvo é a população que hoje ou não é bancarizada ou é apenas parcialmente bancarizada", afirma Marcos Etchegoyen, diretor presidente da MFS. A empresa conta hoje com 17 funcionários, pretende chegar a até 36 no fim de 2013 e mira a base de 80 milhões de clientes de celulares pré-pagos da Vivo.

Hoje, o pré-pago da MFS está em teste com 500 clientes. Em abril, o piloto se expande para cinco cidades do Estado de São Paulo e, finalmente, perto do início de 2014 o produto vai para o resto do país.

Parte da lentidão para que os projetos deslanchem vem do fato de o Banco Central ainda precisar regulamentar alguns pontos importantes do funcionamento dos pré-pagos, como quais serão as exigências cadastrais dos clientes e os mecanismos para evitar a lavagem de dinheiro. A proposta da associação do setor, a Abecs, prevê um controle por CPF, que limitaria a R$ 5 mil a movimentação mensal. A expectativa de executivos do setor é que essa regulamentação saia no primeiro trimestre de 2013.

Mesmo assim, o BC já deixou claro que aposta nos cartões pré-pagos para continuar a inclusão financeira no país. "No Brasil, a oferta de instrumentos de pagamento está fortemente associada às contas de depósitos. Dessa forma, a população não bancarizada fica restrita ao uso do dinheiro ou do cartão de crédito", escreveu o BC em relatório sobre o sistema de pagamentos de varejo. "Há espaço, portanto, para a oferta de instrumentos eletrônicos sem linhas de crédito atreladas, tais como os cartões pré-pagos e outros moedeiros eletrônicos, para essa parcela da população."

Hoje, no Brasil, as formas mais populares de cartões pré-pagos são voltadas para benefícios corporativos, como vales-refeição, alimentação e transporte. Os cartões de uso geral são uma fatia pequena do mercado, embora não haja números precisos.

"Queremos chegar a um milhão de cartões emitidos nos próximos três anos. Serão 200 mil só no ano que vem", afirma Sérgio Kulikovsky, um ex-executivo da certificadora digital Certisign e da corretora virtual NetTrade, que co-fundou a Acesso. Com investimento inicial de US$ 6 milhões, a empresa lançou seu cartão, com bandeira Mastercard, no fim do ano. A Acesso projeta que o mercado de pré-pagos movimentará cerca de R$ 18 bilhões em 2015.

Sem um grande banco ou uma empresa de telefonia como parceiro, o desafio inicial da Acesso está em criar uma rede de distribuição, recarga e saques do seu produto. Além de parcerias com varejistas, a empresa criou uma rede que permite recarga do cartão nas agências do Bradesco, na internet ou com pagamento via boleto bancário, num total de 100 mil pontos físicos de recarga. Como cada canal tem um custo diferente, a Acesso promete escalonar tarifas cobradas dos usuários.

A arte é conciliar a manutenção dessa rede, a emissão dos cartões e a rentabilidade da operação com as tarifas cobradas dos clientes. "As maiores oportunidades no segmento de pré-pago estão na base da pirâmide", afirma o consultor Boanerges Ramos Freire, especializado em varejo financeiro. "Só que é uma rentabilidade apertada em que o ganho acontece via tarifas, não via crédito". Entre as tarifas cobradas em pré-pagos, geralmente há uma de compra do cartão e uma taxa de recarga.

A administradora de cartões ACG trabalha com pré-pagos desde maio de 2012, quando lançou um produto com a bandeira Mastercard. Entre os clientes, está a concessionária de energia elétrica CPFL, que pretende atingir com o produto quem hoje não é atendido plenamente pelos bancos.

"Nós temos hoje dois públicos-alv quem não tem formalização [profissional] e está fora dos bancos e quem teve problema de inadimplência e perdeu o cartão. Essas pessoas hoje estão obrigadas a transacionar com dinheiro", afirma Roberto Josuá, acionista da ACG. A meta da empresa é chegar a um milhão de pré-pagos no ano que vem. No cartão da ACG, o consumidor paga de R$ 10 a R$ 20 para comprar o cartão e entre R$ 3,00 e R$ 4,50 na recarga.

Outro ponto crítico para a rentabilidade dessas operações é o "custo de captura" do cliente. Segundo Boanerges, em algumas operações de cartão de crédito, esse valor pode chegar a R$ 100 por pessoa, entre gastos com seleção e contatos com clientes, por exemplo. "Não se pode sequer pensar em um valor alto assim na operação de pré-pago", afirma.

Ele cita dados da empresa americana de pré-pagos Green Dot, que mostram que o "tempo de vida" médio de um cartão da modalidade (período entre a compra e a inatividade) é de 9 meses. "É um ciclo de vida que não tem nada a ver com o do cartão tradicional."

A empresa americana Rêv quer usar como rede de distribuição do seu pré-pago o mesmo canal usado para popularização do crédito consignado no Brasil, o correspondente bancário, ou "pastinha". Tanto que tem montado parcerias com bancos de menor porte especializados em crédito ao consumo, como PanAmericano e Bonsucesso. "Acredito que o modelo de parceria com o banco reduz nossa exposição ao risco regulatório do BC", diz Eliel Almeida, diretor comercial da Rêv. A meta da empresa é ter em circulação 500 mil cartões até o fim de 2013.


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http://www.valor.com.br/financas/2955870/cartao-pre-pago-abre-espaco-para-avancar#ixzz2GvZ8e9RJ

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