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Bancos miram empresas privadas no consignado

Bancos miram empresas privadas no consignado

Por Felipe Marques | De São Paulo

Há 13 horas e 4 minutos

Os empréstimos com desconto em folha de pagamento nasceram no setor público e têm entre funcionários do governo e aposentados seus tomadores mais tradicionais. Agora, porém, o desafio dos bancos é popularizar o consignado na iniciativa privada, que representa cerca de 15% do saldo de operações na modalidade.

O momento favorece o foco no trabalhador privado, pois os grandes bancos ocupam hoje o lugar que já foi de instituições pequenas e médias na liderança do segmento. Como os bancos maiores têm uma rede ampla de relacionamento com empresas, isso os ajuda a diminuir o principal risco do consignado privad a maior rotatividade de empregados.

Em julho, o saldo das operações de crédito consignado para funcionários privados era de R$ 26,6 bilhões, enquanto o saldo total da modalidade estava em R$ 177,9 bilhões. A fatia do crédito a servidores públicos e aposentados do INSS é de R$ 150,6 bilhões. Os dados são do Banco Central. O consignado responde por 59% do estoque de crédito pessoal no Brasil e deve ultrapassar o crédito de veículos como principal modalidade de financiamentos para pessoa física.

Em julho, a taxa anual de crescimento do estoque de crédito consignado no sistema foi de 16,9%. A velocidade já é maior entre os trabalhadores privados (21,2%) do que nas operações do setor público e aposentados (16,2%).

No Bradesco, a carteira de crédito consignado privado deve crescer cerca de 20% no ano, ritmo menor que o do consignado como um todo, que deve avançar entre 26% e 30%. Porém, segundo o diretor de empréstimos e financiamentos do banco, Octavio de Lazari Junior, essa tendência deve se inverter no médio prazo. Ele avalia que o setor público está próximo do limite de crescimento, favorecendo o consignado privado.

Há duas razões principais para a vantagem do setor público para os bancos. Primeiro, o trabalhador público está acostumado com o consignado e a tecnologia de órgãos do governo, em geral, está pronta para operar a modalidade. Segundo, a estabilidade do emprego público é maior. Uma rotatividade mais alta aumenta o risco da operação para o banco.

Só que os grandes bancos têm um trunfo que os pequenos e médios não tinham na hora de fazer o cálculo desse risco. Como já têm relacionamentos bancários com empresas privadas, em especial na gestão de folha de pagamentos, conseguem estimar a rotatividade com mais precisão.

"A rotatividade é o calcanhar de Aquiles do consignado no setor privado", afirma Rogério Estevão, superintendente executivo do Santander, que pondera que não há uma "solução pronta" para minimizar os efeitos da mudança de empregados. "Nas empresas que nos terceirizam a folha de pagamento, o consignado não é uma operação tão complicada", diz. "A tendência é acelerar a velocidade do crédito consignado no setor privado", afirma Estevão.

O risco de rotatividade encarece o consignado, mas a diferença de taxas não é tão significativa, afirmam os bancos. No Bradesco, em média, a taxa do consignado privado é 10% superior ao público. "Mas há casos até em que o consignado privado é mais barato que o público", diz Lazari, citando o consignado em grandes multinacionais. A taxa de juros média do crédito consignado foi 24,6% ao ano em julho, segundo o BC.

O Banco do Brasil, que tem a maior carteira de consignado do mercado (R$ 54,9 bilhões), afirma ter hoje maior "conforto" em operar no consignado privado. "Essa carteira está hoje onde o consignado público estava em 2003", diz Marcelo Augusto Labuto, diretor de empréstimos e financiamentos do banco. No BB, o consignado privado é 5,2% do total.

"No consignado privado, é preciso avaliar e estabelecer o preço caso a caso, diferentemente do que ocorre no público. No crédito para funcionário público é basicamente a mesma taxa para os diferentes clientes dentro de um mesmo convênio", afirma Cristiano Malucelli, diretor de relações com investidores do Paraná Banco.

O BB diminuiu o problema mapeando setores de maior ou menor rotatividade. O setor de serviços, por exemplo, tem empresas em que a permanência média é de oito meses, relata Labuto. Ou seja, com prazos variando entre 36 meses e 52 meses, é impossível viabilizar o consignado nessas empresas. Já os segmentos de metalurgia, automóveis e alimentação têm as maiores estabilidades.

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