Ana Paula Ribeiro
25/04/11 Brasil Econômico - SP
Novos consumidores ainda têm pouco interesse por planejamento para investimento
Instituições financeiras dão orientação para evitar o superendividamento e ensinar a investir no longo prazo.
A ascensão de novos consumidores para a classe C faz com que instituições financeiras repensem produtos e formas de relacionamento com esse público. A preocupação é que, além de tomar crédito, os emergentes aprendam como se endividar e também a investir.
Um dos temores é que a oferta de crédito faça com que uma parcela desse público caia no superendividamento. "Você educa o cliente a se controlar, a tomar cuidados", afirma o diretor-executivo do Bradesco, Ademir Cossiello, que reconhece que as opções de empréstimo pessoal são grandes hoje e podem não atender a necessidade do consumidor se a operação não for bem orientada.
Com essa preoc upação, o Bradesco iniciou em janeiro o processo de certificação das empresas que prestam o serviço de correspondente bancário. "Quanto mais qualificado o serviço, mais fica transparente o relacionamento", diz o diretor.
O Itaú busca aperfeiçoar a comunicação para que o cliente entenda que há possibilidades diferentes de crédito e investimento para cada necessidade.
"Nesse segmento de baixa renda, é grande a confusão entre endividamento e inadimplência", diz a superintendente Denise Hills, referindo-se a uma parcela do público que acredita não estar endividada mesmo com o comprometimento de uma parcela significativa da renda com prestações.
Para melhorar essa comunicação, o banco tem investido no treinamento de funcionários e no site e série de cartilhas "Uso Consciente do Dinheiro". Além disso, são feitas palestras em empresas para orientar a tomada de decisões.
De acordo com Denise, nas classes emergentes a maior preocupação ainda é com as opções de créd ito, com menor interesse sobre planejamento financeiro voltado para o investimento. "É uma mudança cultura que você não consegue fazer em pouco tempo", diz.
Novos produtos
Já no Santander, a preocupação é por encontrar outras formas de se relacionar com esse público e fazer com que ele aprenda a investir.
"Queremos que ele aprenda a poupar. Para isso é importante mostrar que há um benefício de longo prazo nessa economia", explica o superintendente de Segmentos da Pessoa Física, Eduardo Alvarez.
Para os novos consumidores com renda entre R$ 1.500 e R$ 2.500, é oferecida a opção de poupança programada, em que é possível debitar mensalmente da conta corrente valores a partir de R$ 30 que são destinados para a caderneta de poupança.
Outro produto ofertado pelo banco é o fundo Santander Recompensa Especial, carteira de renda fixa que sofreu uma remodelação. A aplicação mínima é de R$ 1.000 com aportes a partir de R$ 100. A taxa de administração é de 1 ,6%, mas sofre decréscimo a partir do tempo de permanência. Após cinco anos sem resgates, o cliente deixa de pagar taxa.
"Os produtos para esse público nunca são complexos ou de alto risco", afirma Alvarez.
A orientação das opções é fornecida não só na agência, mas também nos canais eletrônicos. "É importante mostrar como equilibrar crédito e poupança", diz.
Para saber melhor a necessidade desse público, o banco aplicada a uma amostra dos clientes um questionário sobre necessidades financeiras.
Para aqueles que, por exemplo, possuam dependentes, os funcionários mostram as opções de previdência. Ainda pensando nas necessidades desse público, o banco prepara o lançamento de um portal de orientação financeiro.
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