A partir de agora muitos consumidores pensarão duas vezes antes de comprar um carro e até mesmo adiarão o anseio de adquirir um veículo financiado. Com a implementação das novas regras determinadas pelo Banco Central para concessão de crédito a pessoas físicas, o comportamento dos consumidores na cidade começou a mudar devido à regra.

Na tentativa de frear o avanço da inadimplência no âmbito dos financiamentos de veículos, o Banco Central estabeleceu percentuais mínimos de entrada para compra a prazos maiores que 24 meses. Agora, para concessão de crédito para quitação em períodos de dois e três anos obrigatoriamente é necessário dar uma entrada de 20% do valor total. Acima disso, até 48 meses, a entrada terá de ser de 30%. E até 60 meses a entrada sobe para 40%. A regra do BC entrou em vigor na última segunda-feira, 6.

Conforme a representante de uma concessionária local, Josenilda Gomes, a medida pode frear inicialmente as compras por impulso. Isso porque, segundo a especialista, a regra atinge diretamente o principal plano de crédito de veículos. "Nesses primeiros dias de vigência da norma será reduzida a procura pelo financiamento de 48 e 60 meses, que são mais utilizados. Porém, essa queda durará um período curto, pois no ano passado houve determinação semelhante e logo após o número de pessoas buscando comprar um carro foi normalizado", avalia Josenilda.

Para Francisco Neto, proprietário de uma outra concessionária, a medida tomada pelo governo irá reduzir a incidência de inadimplência, pois dificultará o acesso de mau pagador ao serviço. "Ainda é cedo para avaliar com precisão o impacto da regra no fluxo de compras. Mas a decisão do Banco Central é boa para as financeiras que estarão respaldas pelo valor simbólico, que indicará se o consumidor poderá pagar o carro, reduzindo ainda o índice de inadimplência", diz.

Pega desprevenida pela nova norma, a auxiliar administrativa Maria de Fátima teve que adiar o sonho da compra do carro 0km. Segundo ela, com cobrança da entrada será necessário economizar durante alguns meses para só então adquirir o veículo financiado no plano de 36 meses. "Eu não sabia dessa mudança, agora todo o meu plano para comprar um carro terá que ser adiado. Se eu soubesse que entraria em vigor essa determinação, teria antecipado o financiamento", conta a consumidora.

Quem também teve que postergar a compra do veículo foi o estudante Carlos Filho. De acordo com ele, dar uma entrada para o financiamento não estava previsto no seu orçamento. "O valor da parcela eu tenho como arcar, mas já a entrada vou juntar agora durante um tempo. Olhando pelo lado otimista, essa medida vai facilitar o pagamento, pois vamos ter que pagar de imediato uma parte", opina Carlos.