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Imprensa
INSS reforça aposta de bancos no consignado

 

 DCI 06/08/2009

Os grandes bancos compraram lotes ontem para aquisição de folhas de pagamentos do INSS, leiloadas pelo Ministério da Previdência, e assim pretendem reforçar a estratégia de expandir seu crédito consignado no segundo semestre. A expectativa é de que um aumento dos financiamentos à pessoa física possa alavancar ainda mais o consumo interno, e levar, como consequência, a uma expansão dos empréstimos a empresas.

No pregão, que se iniciou ontem e deve continuar hoje, entre os grandes bancos, o Bradesco foi o que mais adquiriu lotes: cinco, por enquanto. A instituição levou a divisão com estados do Norte, de parte do Nordeste, do Centro-Oeste, e parte da Bahia. Ficou também com o centro, norte, sul e leste da cidade de São Paulo, por R$ 2,06 por benefício mensal.

O Itaú Unibanco ficou com outra parte do Centro-Oeste e a maior parte do Rio de Janeiro, pela qual pagou R$ 1,72 por benefício mensal, além do Paraná. O Santander levou a outra parte do Rio, que inclui a área central e norte, por R$ 1,31, e a outra parte da Bahia, que inclui a capital, Salvador, por R$ 1,65.

Entre os bancos públicos, a Caixa Econômica Federal ficou com a região de Santa Catarina, e o estadual Banrisul adquiriu os dois lotes correspondentes ao Rio Grande do Sul, por R$ 1,92 e R$ 1,41 por benefício mensal. Entre os bancos médios, o grande destaque do pregão foi o banco Mercantil do Brasil, que adquiriu três microrregiões do Estado de São Paulo e os dois lotes de Minas Gerais. O lote da capital mineira, Belo Horizonte, foi angariado com a oferta de R$ 1,96 por benefício mensal.

Ontem, foram leiloados 18 de um total de 26 lotes. Para o diretor presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, Celso Grisi, o que vai ditar a expansão do crédito na segunda metade do ano será a recuperação do consumo, com crescimento das linhas de crédito pessoal, como o Crédito Direto ao Consumidor e do cartão de crédito. "O crédito consignado tem um peso importante nesse ponto: representa uma garantia de renda e menor risco para os bancos. Então, qualquer mudança nessa linha leva a um aquecimento da economia interna", analisa.

O analista de instituições financeiras da Austin Ratings, Luís Miguel Santacreu, complementa essa tese. Segundo ele, o Produto Interno Bruto (PIB), neste ano, será puxado pelo consumo interno. "A demanda de crédito de pessoa jurídica deve aumentar também, associada ao crescimento da economia no mercado interno", acredita. "O primeiro semestre já mostrou um aumento da demanda por consumo, e esse aumento veio mais consolidadamente com um crescimento do emprego, que sempre aumenta o ânimo de consumir", finaliza.

Segundo dados do Banco Central, o crédito consignado teve um crescimento de 14,9% no ano, até junho, sendo mais da metade, 9,5%, no segundo trimestre, a um saldo total de R$ 90,617 bilhões.

Pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) de julho aponta para uma revisão das expectativas das instituições para a expansão do consignado. Se, em junho, os bancos acreditavam em um crescimento de 16,7% do crédito pessoal, com o consignado incluso, em 2009, em julho passou a 19,3%. A projeção de expansão da carteira total de crédito, no entanto, ficou praticamente estável de um mês para outro, passando de crescimento de 16,1% para 16,3%.

O Bradesco, que divulgou balanço do primeiro semestre nesta semana, acredita que o destaque do segundo semestre deverá ficar por conta da pessoa física, que encerrou o período até junho com uma carteira de R$ 74,288 bilhões. Nesse segmento, o destaque deverá ser o crédito consignado, que deverá ter alta de até 30%, justificada pelo incremento da permissão de comprometimento da renda do pensionista do INSS, de 20% para 30%.

O analista da Austin diz ainda que o crescimento do crédito a empresas estará relacionado à formação de novos estoques. "A indústria e o comércio já não estão com uma situação de grandes volumes de estoque, o que vai puxar o crescimento dos empréstimos para pessoa jurídica."

Grisi concorda com o consultor. "Não é de se esperar um crescimento de financiamentos para ampliar a capacidade instalada, uma vez que ainda há bastante capacidade ociosa", afirma. Segundo ele, a maior demanda deverá ser por capital de giro. "Não é mais uma situação de se desfazer de estoque, e sim de atender uma demanda crescente. E com o aumento do consumo em dezembro, por conta das festas de fim de ano, haverá também formação de estoque para esse período", afirma o executivo. Para ele, o crescimento do crédito à pessoa jurídica virá principalmente do setor de pequenas e médias empresas. "Os bancos devem assumir alguns riscos ou perder fatias de market share."

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