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Crédito pode demorar a voltar

 

Crédito pode demorar a voltar

Fernando Travaglini, de São Paulo 01/04/2009 Valor  Econômico

 A cobertura de R$ 20 milhões para recibos de depósitos a prazo (RDB) dos bancos começa a valer hoje e a grande expectativa é saber se a resolução irá de fato atender a demanda das companhias de pequeno porte por empréstimos mais abundantes e baratos. Os bancos médios, principais ofertantes desse nicho de mercado, acreditam que a dinâmica do crédito será restaurada, mas não de forma imediata, nem nos patamares anteriores à crise.

Renato Oliva, presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC) afirma que a medida é "excelente" e deve aos poucos retomar a oferta de crédito. Até o momento, a principal forma de captação dos médios tem sido a cessão de carteiras tanto para o FGC quanto para os grandes bancos. A expectativa é de que os bancos pequenos possam captar entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões em depósitos a prazo cobertos pelo FGC.

Porém, Oliva cita duas limitações importantes no nicho das pequenas e médias empresas, conhecido como "middle market". O primeiro entrave, segundo ele, é a própria demanda por crédito, que recuou neste inicio do ano. "As empresas estão reavaliando a expectativa de faturamento, já que com a desaceleração da economia diminuiu também a necessidade de capital de giro", disse. Segundo levantamento da Serasa Experian, a procura por empréstimos no middle recuou 7% no ano até fevereiro.

Há também uma questão prudencial dos próprios bancos, acrescenta Oliva. "A disposição das instituições de assumir riscos diante do cenário de incertezas mundial é menor". A preocupação é com a saúde das empresas e com o novo "tamanho" do mercado, que encolheu e que demandará menos crédito.

De fato, os bancos estão avaliando os balanços das companhias para saber como está a situação real depois da crise. Por enquanto, alguns setores estão com boa performance e devem ter o fluxo de crédito restabelecido de forma mais rápida. Já outros devem enfrentar mais dificuldades para renovação ou ampliação das linhas.

Ricardo Gelbaum, diretor-financeiro do Banco BMG, ressalta que as captações já apresentavam uma melhora no mês de março, mesmo antes da medida do Conselho Monetário Nacional (CMN). "Os depósitos estão retornando em níveis melhores do que janeiro e fevereiro e mesmo a dinâmica de crédito começa a dar sinais mais positivos. Com certeza daqui a 30 dias vamos ver uma foto do crédito melhor do que hoje", disse.

Mas Gelbaum também ressalta que a melhora depende de cada segmento e que nem todas as linhas serão irrigadas de forma imediata. "Alguns segmentos como consignado, credito pessoal e veículos são sempre mais rápidos. Já o segmento de pequenas e médias depende de uma de análise do comportamento de cada setor das empresas", disse.

O próprio Banco Central reconheceu que o restabelecimento não será imediato. "Deve ter efeito, sim, ao longo do ano, mas os bancos precisarão de tempo para digerir" o produto, afirmou o diretor de Política Econômica do Banco Central, Mario Mesquita, em entrevista à imprensa na segunda-feira.

Um dos setores que podem responder mais rapidamente é o de veículos usados. Isso porque as cessões de carteira, única forma de funding disponível, estavam restritas ao mercado de novos ou de seminovos. Os bancos grandes não estavam dispostos a comprar esses créditos e o FGC tem norma interna que limita a exposição de risco a carteiras com automóveis de até oito anos, conta Adalberto Savioli, presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).

Hoje há dois mercados distintos no financiamento de veículos. Os novos contam com taxas subsidiadas e promoções dos bancos de montadoras e as vendas até subiram em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Por outro lado, os compradores de usados continuam sem recursos para financiar os negócios e as vendas caíram quase 20%. Nos carros mais antigos, o recuo chega a 40%, aponta Savioli.

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